Países industrializados padecem de analfabetismo científico preocupante
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De acordo com a opinião de diversos investigadores que estiveram reunidos na conferência anual da Associação Norte-Americana para a Promoção da Ciência (AAAS, na sua sigla em Inglês), a proporção de adultos com uma cultura científica aceitável é um pouco mais elevada nos Estados Unidos por comparação com a Europa e o Japão, mas ainda assim demasiado escassa. "A verdade é que nenhum dos países industrializados conta actualmente com um número de adultos suficientemente letrados em ciências", afirmou Jon Miller, especialista em educação e professor da Universidade de Michigan. Em 1988, apenas 10 por cento dos adultos norte-americanos era capaz de compreender um artigo científico num jornal diário. Em 2005 essa percentagem ascendia a 28 por cento. Segundo Miller, o nível médio de conhecimentos científicos básicos da população americana só é maior do que há duas décadas porque os cursos universitários passaram a incluir, desde há alguns anos, uma cadeira de ciência geral. Esta tendência animadora, no entanto, acaba por perder expressão face ao aumento generalizado da proporção de norte-americanos que crêem na astrologia e em extraterrestres, fenómeno igualmente observado na Europa, como explica Nick Allum, sociólogo da Universidade de Surrey, na Grã-Bretanha. De facto, e de acordo com este investigador, 53 por cento dos europeus considerava, em 2001, que a astrologia era "bastante científica" contra 31 por cento que a julgava "absolutamente não científica", alertando para o crescimento da chamada "pseudociência" nos países industrializados. Para Carol Losh, socióloga da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, o atractivo da "pseudociência" radica no facto de esta falar do sentido da vida e de apelar às emoções, temas para os quais a ciência não tem tantas respostas. Losh refere, a este propósito, que cada vez mais pessoas nos Estados Unidos acredita nos raptos levados a cabo por extraterrestres, não a surpreendendo, porém, que as gerações que cresceram com séries de televisão como a "Quinta Dimensão" ou "O Caminho das Estrelas" seja "seduzida por estas crenças". "O facto de a pseudociência não ser discutida nas escolas apenas serve para acentuar este fenómeno", conclui. Além do aumento destas crenças irracionais, os investigadores sublinham ainda o aumento do número de estudantes que se declaram "indecisos" entre o creacionismo e a teoria da evolução de Darwin. O sociólogo Raymond Eve, da Universidade do Texas, afirma, por exemplo, que tem constatado um decréscimo do número de estudantes que acreditam na evolução como explicação para o desenvolvimento da vida e um aumento dos que crêem na criação do mundo segundo a Bíblia. Segundo Miller, a ciência do século XXI "será menos neutra emocionalmente à medida que os avanços da genética e da biologia aprofundam os mistérios sobre as origens da vida", e que tal posição "entra em conflito directo com muitas crenças religiosas".
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 16, Março 2007
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Autoria:
Agence France-Presse
Agence France-Presse
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