Menos casamentos religiosos e mais uniões de facto aproximam italianos da família média europeia
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O número de casamentos em Itália tem diminuído gradualmente nos últimos dez anos, ao passo que as uniões de facto e as crianças nascidas fora do casamento aumentaram, revela um estudo sobre a família recentemente publicado pelo Instituto Nacional de Estatística italiano (Istat). Uma tendência, diz este organismo, que aproxima a família média italiana dos restantes países europeus e confirma a perda de influência da igreja católica. De acordo com os dados do Istat, o número de casamentos celebrados em 2005 foi ligeiramente superior a 250 mil, número em constante diminuição desde 1972, ano em que o número de uniões se elevava a cerca de 420 mil. O fenómeno das uniões livres, por seu lado, tem conhecido uma "expansão rápida, mesmo que menos representativa relativamente a outros países europeus", levando os seus autores a concluir que "a aceitação social da união de facto como família alternativa ao casamento aumentou nos últimos anos". Resultado do aumento do regime das uniões de facto, o número de crianças nascidas fora do casamento representa quase 15 por cento do total de nascimentos, (cerca de 80 mil), praticamente o dobro daqueles que se registavam há dez anos (8%). O casamento religioso recuou em igual proporção: mais de um em cada três casamentos é hoje efectuado no registo civil (32,4%), percentagem quer era inferior a 20 por cento há uma década. O número de separações (80 mil por ano) e de divórcios (45 mil) está igualmente em "constante acréscimo", sublinha o Istat. Estes resultados foram divulgados numa altura em que se instalou em Itália uma acesa discussão sobre o reconhecimento jurídico da união de facto dos casais heterossexuais e homossexuais, através de um projecto de lei avançado pelo governo, muito criticado pela direita e fustigado pela igreja católica e pelo Vaticano. "Estes números confirmam que a família italiana se tem aproximado da "família média europeia" no que se refere à estabilidade conjugal", diz Chiara Saraceno, socióloga da família na Universidade de Turim. Mas a grande diferença que demarca a Itália do resto da Europa, diz esta investigadora, é o facto de "os jovens continuarem a viver com os pais até ao casamento", que ocorre habitualmente aos 32 anos para os homens e aos 30 para as mulheres, explica Saraceno. Este fenómeno explica-se nomeadamente pela dificuldade dos jovens italianos em encontrarem um trabalho estável e pelos preços elevados das casas. O estudo do Istat confirma igualmente, segundo esta socióloga, a contínua perda de influência da igreja católica sobre a vida privada dos italianos, observada desde os anos 60. "A igreja já não possui influência sobre o comportamento sexual dos italianos, inclusivamente os católicos. A maioria dos casais recorre a meios de contracepção e têm relações sexuais antes do casamento", refere Saraceno, sublinhando que a instituição continua, no entanto, a ter uma "grande influência no discurso público", como ficou provado no recente debate sobre a legalização das uniões de facto.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 16, Março 2007
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Autoria:
Agence France-Presse
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