Página  >  Edições  >  N.º 162  >  África em duas notícias

África em duas notícias
Africanos aceitam princípios democráticos da União Europeia mas recusam «interferências»

Vários líderes africanos reunidos recentemente em Bruxelas com responsáveis comunitários, no âmbito das Jornadas Europeias para o Desenvolvimento, recusaram a intenção da União Europeia em impor a sua visão política no continente.
Embora reconhecendo a importância de certos princípios defendidos pelos europeus, como a boa governação, o presidente ugandês, Yoweri Museveni, expressou claramente o estado de espírito dos participantes africanos: "Não nos obriguem a fazer aquilo que vocês entendem que é melhor para nós. A Europa deveria deixar de interferir no processo de tomada de decisões dos países africanos. Uma parte do problema de África passa precisamente pela interferência de países estrangeiros", acrescentou, sob aplausos da assistência.
O presidente do Botswana, Festus Mogae, referiu, por seu lado, que "a governação não pode constituir um caminho num único sentido, nem deve ser utilizada pelos fortes contra os mais fracos". Reivindicando o direito de estar em desacordo com os países doadores, Mogae disse ainda à plateia europeia que "não devem utilizar o vosso poder e riqueza para nos fazerem à vossa imagem".
O comissário europeu para o desenvolvimento, Louis Michel, aceitou as críticas formuladas durante este encontro, admitindo que, apesar das boas intenções, "por vezes cometemos erros".
Apesar das críticas dirigidas aos responsáveis europeus, os países africanos reconheceram a necessidade de pôr em prática certos princípios sugeridos pelos europeus, como a boa governação, que inclui a luta contra a corrupção, o respeito pelos direitos humanos e o acesso à justiça, à educação e à saúde. "A questão da governação e a transparência da gestão pública constituem condições indispensáveis ao desenvolvimento", resumiu nesse sentido o presidente do Benin, Boni Yayi.

Apenas três em cada dez jovens africanos gostariam de viver fora do seu país

Apenas três em cada dez jovens africanos gostariam de sair do seu país. A maioria afirma-se contente com a sua situação actual. O Malawi e o Botswana são os países onde um maior número de inquiridos respondeu que preferia viver fora do país. Entre os destinos mais aliciantes encontram-se os Estados Unidos, o Canadá e a Europa, mas também alguns países situados no próprio continente, como a África do Sul ou o Quénia.
Apesar do desejo de mudança, a maioria afirma-se contente com a sua situação actual. Uma proporção de 64 por cento considera que o seu país está melhor por comparação há dez anos e 79 por cento espera vir a ter melhores condições de vida do que os pais.
"Para os jovens africanos a felicidade é sinónimo da não existência de guerra ou de confrontos violentos, ao passo que na Ásia, por exemplo, ela estará mais associada à aquisição de jogos e brinquedos tecnológicos", explica Makda Taffese, responsável do Fórum de Políticas Africanas para a Infância.

  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 162
Ano 15, Dezembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo