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Desemprego juvenil em África é uma «bomba ao retardador»
O desemprego juvenil e a falta de perspectivas futuras para os milhões de jovens africanos foram dois dos temas em destaque no V Fórum para o Desenvolvimento Africano, organizado conjuntamente pela Comissão Económica para África (CEA) e pela União Africana, realizado em meados de Novembro na capital da Etiópia, Adis Abeba.
Os especialistas lembraram que cerca de dois terços da população africana tem menos de 25 anos e que a África subsaariana viu a sua população activa aumentar praticamente 30 por cento nos últimos dez anos. No entanto, no mesmo período, a taxa de desemprego cresceu 34,2 por cento.
Um conjunto de factores que, na opinião de Guebray Berhane, porta-voz da delegação africana do Comité Internacional do Trabalho (CIT), constituem "uma verdadeira bomba político-geográfica ao retardador". Este responsável considera, porém, que "as autoridades políticas, os decisores económicos e os próprios jovens estão a tomar consciência da necessidade de desactivar esta bomba".
Apesar de a taxa de crescimento do continente africano se ter situado em torno dos 5 por cento ao longo dos últimos cinco anos, a criação de empregos não acompanhou este progresso. "Um em cada dois jovens não tem trabalho, e isso é muito grave. É indispensável reforçar a formação profissional" diz Hans Hofmeijer, director adjunto do CIT para África, acrescentando que "deveria existir uma maior iniciativa política neste domínio, sobretudo por parte de instituições como o Banco Mundial, que se concentram sobretudo na promoção da educação e da saúde".
Embaixatriz da boa vontade para a UNICEF desde 2002, a cantora beninesa Angélique Kidjo afirma que "incentivar a educação sem haver incentivo à criação de emprego só serve para agravar as frustrações e a violência entre os jovens", acrescentando que "se houvesse trabalho em África, as pessoas não se aventurariam em pequenos barcos para procurar trabalho na Europa, ficariam no país delas", conclui a cantora.
Um outro problema, lembra Hans Hofmeijer, é o aumento do número de jovens que encontra trabalho mas que se mantém na pobreza. Este responsável explica que a África é "a única região do mundo onde o número total de jovens trabalhadores vivendo com menos de um dólar por dia aumentou de forma constante, passando de 36 milhões em 1995 para 45 milhões dez anos depois", recordando que a larga maioria dos jovens trabalha na economia paralela, sinónimo de inexistência de protecção social e salários que "não chegam para sobreviver".

  
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Edição:

N.º 162
Ano 15, Dezembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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