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Instrumentos que melhoram as aprendizagens e o ensino

PORTFÓLIOS

O cenário actual, marcado pelas transformações tecnológicas, acesso imediato às informações, novas exigências do mercado de trabalho, demandam que as escolas se actualizem e promovam aprendizagens mais profundas.
Aprender não significa acumular conceitos, mas compreender e reflectir sobre eles. Através desse exercício os alunos poderão transferir o conhecimento, assim como utilizá-lo ao longo da vida.
A escola deve se alterar no sentido de ensinar estratégias que possibilitem a aquisição do saber de forma crítica, independente e contínua. Para isso, a aprendizagem deve deixar de se centrar no aspecto transmissivo e integrar o ensino de competências, ou seja, os alunos devem ser ensinados a aprender.
O portfolio é um instrumento que atende a essas necessidades porque aumenta e diversifica o processo formativo, exercita o pensamento reflexivo, a competência de organização, a tomada de decisão, a capacidade de auto-avaliação e a sistematização dos percursos de construção do saber.
Pode ser concebido como uma colecção de trabalhos diversificados, executados ao longo de um período, como por exemplo: escritos, desenhos, reflexões sobre textos, filmes, músicas, opiniões, sentimentos, que devem de alguma forma reflectir os aspectos da instituição, do professor e do aluno.
É como ?Uma espécie de filme onde o processo de aprendizagem fica registado quase que com movimento (...) constituem o somatório de experiências e de vivências do indivíduo? (Simão 2002:93).
É diferente de uma compilação de tarefas, usualmente designada de dossiê, porque possui características distintas, quase sempre antagónicas.
Não são guardados e esquecidos pelo professor e na escola, mas permanecem com o aluno, que deve utilizá-lo ao longo do percurso escolar.
São desenvolvidos ao longo do tempo, por isso possuem uma característica dinâmica. são capazes portanto, de ilustrar o percurso desenvolvido na consecução do conhecimento.
São incluídos continuamente, devem se interligar, ou seja, não são o agrupamento de muitos tipos de trabalhos, todos independentes.
Devem ser incluídos em função de objectivos de aprendizagem, traçados anteriormente pelo professor, pelo aluno e pelos os dois conjuntamente.
Pode atender a critérios avaliativos e até deve, mas a sua função primordial é se constituir em instrumentos que favoreçam as aprendizagens.
A avaliação pode ser feita pelo professor, que pode perceber a qualidade dos processos e produtos e atribuir um valor quantitativo, e pelo aluno que pode se auto-avaliar constantemente e realizar ajustamentos.
Os trabalhos não são produzidos no fim do período para fins avaliativos, mas continuamente elaborados, possibilitando a tomada de decisões.
Abarcam a dimensão afectiva e interpessoal porque contém comentários pessoais dos professores, dos alunos e outros actores envolvidos nas aprendizagens.
Um dos aspectos mais importantes é a necessidade de reflectir sobre os assuntos, procedimentos de selecção e estratégias de aprendizagem. Para além de realizarem um trabalho, eles devem ser capazes de perceber quais são as suas necessidades, o que poderá dificultar a realização das tarefas, como poderão enfrentá-las, que materiais serão necessários e que competências terão desenvolvido com a sua realização.
A capacidade para realizar um portfolio é em si mesma uma habilidade metacognitiva e auto-regulatória, pois coloca o aluno no centro da acção, por isso esse instrumento pode ser visto, não como a salvação de todos os desacertos, mas como uma ferramenta que pode melhorar as aprendizagens e o ensino. Não serão esses, excelentes motivos para adoptarmo-los?

Referências:

  • Bernardes, C. e Miranda, F. (2003) Portfolio: Uma Escola de Competências. Porto: Porto Editora.
  • Simão, A. (2002) O Conhecimento Estratégico e a Auto-regulação da Aprendizagem. Em: Silva, A.; Duarte, A.; Sá, I.; Simão, A. Aprendizagem Auto-regulada pelo Estudante: Perspectivas Psicológicas e Educacionais (77-94). Porto: Porto editora.

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 161
Ano 15, Novembro 2006

Autoria:

Luiz Gustavo Lima Freire
Psicólogo, mestrando em Psicologia da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da educação da Universidade de Lisboa.
Luiz Gustavo Lima Freire
Psicólogo, mestrando em Psicologia da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da educação da Universidade de Lisboa.

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