O governo socialista trai de forma despudorada os compromissos assumidos e particularmente os eleitores que lhe deram a sua confiança nas urnas. A cruzada assume contornos de barbárie em pleno século XXI. A lei é a do mais forte, a socialista, dita de moderna para disfarçar a esquerda. E os trabalhadores, transformados em inimigos públicos. Para o Governo, o país transformou-se numa empresa S.A., dirigida por um conjunto de auto-iluminados, ministros e afins, conhecidos e acólitos. Do outro lado, os trabalhadores e as estruturas que os representam são alvos a abater. Claro que tudo seria mais simples se o governo, tal qual um Conselho de Administração pudesse dispensar os trabalhadores, encerrar a empresa, desacreditar os sindicatos, e procurar um outro espaço onde a mão-de-obra fosse mais barata e poucos ou nenhuns os direitos de quem trabalha. Submetidos aos ditames do neo-liberalismo. Dilectos do populismo mais banal. Chegaram ao primórdio dos tempos. Ao mais primário ardil humano. Dividir para reinar. De acordo com o cenário e o realizador de serviço humilham-se e desacreditam-se os trabalhadores da justiça, da saúde, da administração pública, os professores, os educadores, os estudantes, os agentes de segurança e todos aqueles que asseguram as funções sociais do Estado. O desemprego atinge as mais elevadas taxas de sempre. O número de desempregados qualificados não pára de crescer. A grande maioria das reformas e dos salários permitem viver no limiar da pobreza. A exclusão social afecta milhares e milhares de famílias. Para o Governo são só números, só números sem nome, em nome das políticas socialistas que se dizem modernas e que a história da humanidade reconhece como velhas, conservadoras, bafientas e atentatórias da dignidade humana. É exactamente o que se pode dizer do chamado regime de mobilidade, apresentado recentemente e que se traduz num conjunto de mecanismos legais que visam culminar o processo iniciado com o PRACE. Depois de ter reduzido de forma significativa os serviços públicos, o Governo quer agora proceder ao golpe final e reduzir ao mínimo os recursos humanos, ou no dizer da direita e dos grandes grupos financeiros, emagrecer a administração pública, pedido que solicitamente o auto denominado moderno PS aplaude e concretiza com euforia. E é neste contexto que se integra o ataque à educação, à escola pública e aos educadores e professores. Não se trata de resolver os problemas das baixas taxas de qualificação do país. Não se trata de encontrar soluções para o abandono e insucesso escolares. Não se trata de garantir o combate à desigualdade de oportunidades. Para este governo a educação não é um investimento mas sim uma despesa. Recentemente, o Primeiro Ministro foi confrontado com os milhares de professores, qualificados científica e pedagogicamente que não foram colocados no sistema educativo. E é esclarecedora, a explicação. Não passam de candidatos e candidatas que pretendiam ser professores e professoras. Não pesarão nos cofres do Estado. E neste caminho de poupança cega, de um só sentido, a ignorância, é indispensável anunciar os supostos culpados ? os educadores e os professores. Servem todas as acções de propaganda. O primado da pedagogia deu lugar ao primado do saber de pacotilha, barato e descartável. Diz a ainda Ministra da Educação que: ?Não são as crianças que abandonam as escolas. Uma criança quando abandona a escola já foi abandonada pelos professores e pela escola?. ?Posso ter perdido os professores, mas ganhei na opinião pública?. E diz o já célebre Secretário de Estado, Valter Lemos: ?Uma boa parte dos professores que estão formalmente especializados em Educação Especial tem baixas competências nessa área.? Só quando se perde a noção do ridículo se podem produzir estas «pérolas discursivas». O pior é quando estas barbaridades afectam as pessoas, a sua dignidade, a sua função social. Um Governo que não respeita quem trabalha, não pode ser respeitado. O país sabe de que lado está a verdade. O país sabe que esta suspeição generalizada sobre os educadores e os professores tem dois objectivos claros. Em primeiro lugar, humilhar profissionalmente e depois abrir caminho ao ataque voraz à destruição dos mais elementares direitos de quem trabalha. Em segundo lugar, desqualificar e escola pública e transformar o espaço de aprendizagem numa empresa a caminho da falência pedagógica. Nos últimos 10 anos, segundo o Governo socialista nada aconteceu na educação. Não é verdade. Destes dez, sete são da responsabilidade do governo socialista que produziu centenas de diplomas, que promulgou reformas e contra-reformas. E todos nós sabemos que muitas destas opções foram erradas. Criaram e reproduziram instabilidade no sistema. Reformas e contra-reformas sem nenhuma avaliação sustentada. Revisões e alterações, ignorando os docentes que as aplicariam. Abertura de anos lectivos, dominados pelo caos, provocado pela Administração Educativa, etc., etc.?. Em nome da verdade, não podemos calar-nos e com o silêncio transformar-nos em cúmplices de tamanha afronta. Os educadores e os professores deste país não a merecem e têm direito ao bom nome e ao respeito. Para eles haverá sempre espaço na história dos povos, mesmo quando deste Governo e desta Ministra já só restar o pó do esquecimento.
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