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Japão volta a reacender a polémica em torno dos manuais escolares

Após a polémica desencadeada no ano passado com os vizinhos chineses e sul-coreanos, os manuais escolares japoneses voltam a dar que falar. Desta vez, o governo nipónico defende que a revisão dos conteúdos dos manuais deverá fazer menção às disputas territoriais com os seus vizinhos e a determinados aspectos históricos da Segunda Guerra Mundial. 
?Os manuais utilizados nas escolas devem reflectir o ponto de vista da nação?, afirmou o ministro da Educação, Kenji Kosaka, referindo que mais de metade deles contemple uma perspectiva revisionista sobre aquelas matérias.
As alterações dizem sobretudo respeito a ilhas reivindicadas pelo Japão face à Coreia do Sul, China e Rússia, como as ilhotas ?Dokdo?, em coreano, que os japoneses consideram território nipónico e chamam ?Takeshima?, as ilhas ?Senkaku?, reivindicadas pela China e Taiwan, ou quatro ilhotas a sul do arquipélago das Curilhas, atribuídas à União Soviética após a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Os governos sul-coreano, chinês e russo já denunciaram aquilo que consideram ser tentativas de reapropriação do Japão sobre as suas soberanias.
Além disso, o governo pretende também reescrever a versão sobre o chamado massacre de Nanquim, em 1937, onde foram dizimados centenas de milhar de chineses.
Neste sentido, a coligação de direita no poder no Japão, constituída pelo Partido liberal-democrata e pelo seu aliado neo-budista Komeito, manifestou já a intenção de alterar a Lei Fundamental sobre Educação, promulgada durante a ocupação americana, entre 1945 e 1952, com o objectivo de reintroduzir o conceito de patriotismo no ensino. Para isso, a coligação prepara um projecto de lei que será apresentado até ao final da legislatura, em Junho próximo.
De acordo com algumas fontes ligadas ao governo, o conceito de patriotismo será definido como ?uma atitude de respeito pela tradição e pela cultura, de amor pela nação e pela terra que nos fez crescer, e que contribui para a paz e o desenvolvimento mundial?.
As organizações de esquerda, entre as quais o principal sindicato de professores do país, denunciaram imediatamente aquilo que consideram poder constituir um perigoso regresso ao Japão militarista do século passado.


  
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Edição:

N.º 156
Ano 15, Maio 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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