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Auge da esquerda sul-americana gera euforia e expectativas no FSM

O avanço da esquerda na América Latina ? com a recente chegada do indígena Evo Morales ao poder na Bolívia, o triunfo socialista de Michelle Bachelet no Chile e a consolidação da revolução de Hugo Chávez na Venezuela ? constituiu motivo de regozijo para os participantes do último Fórum Social Mundial (FSM), realizado em Fevereiro em Caracas, capital da Venezuela. Mas alguns dos participantes questionam-se de que forma as matizes políticas das visões e propostas dos governos eleitos incidirão no futuro da região e despertam as mais variadas interpretações e expectativas.
Ignacio Ramonet, director do jornal "Le Monde Diplomatique", afirma que a chegada ao poder de governos progressistas na Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai e Chile ?forja um dos momentos mais interessantes na História da América Latina nos últimos séculos?, reconhecendo, porém, que o perfil destes governos não é uniforme, abraçando tendências progressistas, social-democratas e da esquerda democrática.
Para Cândido Grzybowski, um dos fundadores brasileiros do FSM, não há motivo para alarme sobre este mosaico das esquerdas. "Mais do que um ponto comum, as esquerdas latino-americanas estão a estabelecer uma discussão para uma nova agenda. Isto é positivo na medida em que fará progredir o combate contra a globalização", sublinha Grzybowsk, declarando-se satisfeito pelo facto de estes países "não seguirem modelos".
O principal assessor para os assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcos Aurélio García, afirma que experiências como as de Lula ou Chávez mostram que no continente surgem "diversos socialismos, todos fortemente marcados por valores democráticos?, que ?devem construir uma base para o trabalho em parceria?.
Mais cauteloso, Walter Pomar, um outro líder do PT, adverte sobre o perigo da arrogância dos esquerdistas nas suas vitórias na América Latina, pedindo para que ninguém subestime a força da direita nem a dos próprios erros, numa referência indirecta ao escândalo que abalou recentemente aquele partido brasileiro.


  
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Edição:

N.º 154
Ano 15, Março 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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