Mais de um quinto da população adulta do planeta é analfabeta - isto é, carece de capacidades básicas de leitura, escrita e cálculo - e 64 por cento deste total são mulheres, revela um estudo sobre a educação no mundo apresentado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (UNESCO). Segundo o estudo, intitulado "A Alfabetização - um factor vital", setenta e cinco por cento destes analfabetos adultos vivem em doze países (Índia, China, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Indonésia, Egipto, Brasil, Irão, Marrocos e República Democrática do Congo). A região com maiores taxas de analfabetismo entre adultos é o norte de África e o Médio Oriente (62,7%), seguida pela África Subsaariana (59,7%) e Ásia Meridional e Ocidental (58,6%). Sessenta e quatro por cento dos 771 milhões de analfabetos são mulheres, o que significa, na opinião da UNESCO, que não tem havido mudanças na paridade educacional nos últimos 15 anos. Esta percentagem "praticamente não se alterou desde 1990", quando se situava em 63 por cento, refere o relatório, afirmando que "o objectivo de obter a paridade entre os sexos em 2005 não foi alcançado em 94 dos 149 países sobre os quais existem dados". A Unesco advertiu ainda que mais de 100 milhões de crianças continuam sem concluir o ensino básico e que as raparigas representam 55 por cento deste total. Se esta tendência se mantiver, em 2015 "apenas 86 por cento dos adultos do mundo saberão ler e escrever, em comparação com os actuais 82 por cento", sublinha o documento, que pede aos políticos para assumirem as suas responsabilidades. "O desafio trazido pela alfabetização só poderá ser concretizado se os dirigentes políticos se comprometerem a agir, adoptando políticas de alfabetização explícitas", adverte o documento. A Unesco conclui que para alcançar as metas fixadas no Fórum Mundial sobre a Educação, estabelecidas em 2000 em Dacar, os países em desenvolvimento devem "acelerar a sua iniciativa", ao passo que a ajuda internacional para a educação básica deverá duplicar até que se atinjam níveis mais elevados do que os prometidos pelos países do G-8.
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