Infelizmente, a profecia de Arafat ao dizer, durante a primeira invasão do Iraque pela coligação chefiada pelos Estados Unidos, que o Ocidente ganharia aquela batalha mas não alcançaria jamais a paz, parece confirmar-se a cada atentado como o de Londres do passado dia 7 de Julho. Sublinhe-se que não é só no Ocidente que esta profecia se cumpre. Em Fevereiro passado, mais precisamente no dia 28, uma viatura armadilhada explodiu em Hilla, a Sul de Bagdade, matando pelos menos 118 pessoas. O impacto deste atentado foi porém menor do que os de Londres, onde já morreram 56 pessoas. Como menor foi também o impacto do atentado de Moussayed, 60 km a Sul de Bagdade, do passado dia 16 de Julho, onde morreram 71 pessoas. Nesta ?guerra? permanente, o Verão dos ocidentais tem vindo a estar em constante estado de alerta, com ameaças de vária ordem, de que a mais recente ? um ultimato de um mês aos países com tropas no Iraque ? é mais um exemplo dessa vitalícia falta de paz de que falava Arafat. Se quiséssemos caracterizar este conflito teríamos de o incluir no clássico perfil do conflito Norte / Sul, uma orientação geográfica em que o Norte representa, grosso modo, os países ricos e desenvolvidos e o Sul os países pobres, em vias de desenvolvimento, apesar de possuírem muitas e importantes matérias primas. Além da paz, os países ocidentais vão perdendo também muitas das liberdades individuais que foram conquistando e que eram apresentadas como uma mais valia das democracias e dos países desenvolvidos e até, em alguns casos, a soberania no que toca à administração da Justiça, face à política dos Estados Unidos da América que se arrogam o direito de interferir nessa matéria, por vários métodos, em qualquer local do Mundo. Como cantou Alexandre o?Neill ?Rebanho pelo medo perseguido // já vivemos tão juntos e tão sós // que da vida perdemos o sentido?.
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