? Torna-se necessário afirmar que não podem nem devem ser [as actividades extra-curriculares] explicações de qualquer área, ou mesmo o replicar das aulas da manhã. Estas actividades podem e devem responder através de estratégias diferentes (?) das utilizadas no contexto do currículo formal, acentuando a implicação das crianças, o seu envolvimento e a sua forte participação.
A escola do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB) está em mutação. Por via das dinâmicas de reorganização administrativo-pedagógica decorrentes da ?verticalização?, mas também pelas perspectivas de reconstrução do seu currículo. Entendendo o currículo como a forma organizada da escola proporcionar espaços diversificados de aprendizagem e desenvolvimento aos seus alunos. A ainda proposta do Ministério da Educação (ME) em estimular a oferta de actividades organizadas na escola do 1º CEB dirigidas aos alunos, para o espaço de tempo para lá do currículo formal, constitui-se quanto a nós, como uma oportunidade de valorização desta escola. A concepção e planeamento de actividades que numa lógica diferenciada e complementar ? fundamentalmente de projecto propomos nós ? aprofunde e qualifique o currículo, pode e deve constituir-se como factor de enriquecimento. Não podemos ver o problema como uma mera resposta organizada às necessidades das famílias, mas antes como uma oportunidade de estimular o gosto e empenho das crianças pelas mais diversas actividades que possam preencher qualificadamente o seu tempo livre. Se, obviamente, não poderemos encarar a possibilidade de formatar modelos ou esquemas, para o todo nacional, é imprescindível clarificar do ponto de vista das ideias e dos princípios que os professores do 1º CEB estarão perante um desafio aliciante, por estimular o desenvolvimento de projectos educativos que conciliem actividades centradas nas áreas de Língua Materna, Matemática, Educação Física e outras. E aqui torna-se necessário afirmar que não podem nem devem ser explicações de qualquer área, ou mesmo o replicar das aulas da manhã. Estas actividades podem e devem responder através de estratégias diferentes (noutros contextos, com diferentes participantes, etc) das utilizadas no contexto do currículo formal, acentuando a implicação das crianças, o seu envolvimento, a sua forte participação. Centremos agora a nossa reflexão nos desafios especificamente colocados à área de Educação Física. Importa desde já referir a importância das Actividades Físicas e Desportivas (AFDs) nesta área poderem fomentar estilos de vida mais activos com ganhos na qualidade de vida e saúde individual e colectiva. Podem ser, para lá das aulas regulares de EF, novas oportunidades de realizar actividades diferentes, em novos contextos, com recursos não disponíveis nas aulas de EF. Com possibilidades de proporcionar aos alunos novos focos de interesse que acentuem o gosto pela prática de AFDs, mas também que levem novas actividades à escola. Não estamos propriamente a pensar nos já habituais esquemas tradicionais: formação de equipas, organização de torneios, vitórias/derrotas, etc. Está muito mais do que isso em causa, através de envolvimento em práticas competitivas e não competitivas, individuais e colectivas, tradicionais e alternativas, com recursos materiais e sem eles. Está em causa que a escola do 1º CEB nesta área consiga complementar as aulas de EF, ampliando oportunidades de vinculação à prática de AFDs, do reforço das competências motoras de cada aluno e do desenvolvimento de formas de participação competitiva mas solidária, esforçada mas cooperante. Pensar no desenvolvimento destes projectos educativos, numa lógica ?funcionalizada? é perder uma grande hipótese de enriquecer a escola do 1º CEB e a qualificação do tempo livre dos seus alunos. Atravessamos um tempo em que a escola do 1º CEB e os seus professores não se podem dar a esse luxo, esperando-se que assumam esta componente do currículo numa ?lógica de oportunidade? que pode dar identidade, abertura e mais qualidade à escola do 1º CEB.
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