A Fundação, num quadro de reestruturação e num exercício de avaliação procedeu a uma reflexão. Concluído que na área da dança, a acção desenvolvida se deve em exclusivo à própria companhia de dança, criada há 40 anos, a Fundação deliberou reforçar a área da dança e da coreografia e extinguir a companhia. Foi marcado o mês de Agosto de 2006 para a concretização da extinção, mas foram já cancelados todos os espectáculos de dança que se encontravam programados. A ministra da cultura, professora doutora Isabel Pires de Lima não gostou que os bailarinos a acusassem de ter tido uma "atitude desumana e insensível" perante a extinção da companhia. Disse que esses termos são grosseiros e lembrou que ?é preciso que o elenco compreenda que não é da responsabilidade do ministério resolver o problema." A professora doutora Isabel Pires de Lima lembrou que ?quando uma empresa privada abre falência, o Estado não integra os seus trabalhadores?. Está na hora de reler o soneto de Alexandre o?Neill ?Perfilados de Medo? e de lembrar que o homem que deixou o dinheiro para fundar a fundação dizia que a Arte não se regateava. ?Perfilados de medo agradecemos // o medo que nos salva da loucura. // Decisão e coragem valem menos // e a vida sem viver é mais segura. // // Aventureiros já sem aventura, // perfilados de medo combatemos // irónicos fantasmas à procura // do que não fomos, do que não seremos. // // Perfilados de medo, sem mais voz, // o coração nos dentes oprimido, // os loucos, os fantasmas somos nós. // // Rebanho pelo medo perseguido, // já vivemos tão juntos e tão sós // que da vida perdemos o sentido??
PS - Não devia ter escrito Fundação com maiúscula. Como se fosse única. Como se fosse a única. Já houve tempo em que foi quase o Ministério da Educação e da Cultura num só? Espero que não considerem este texto e este PS grosseiros. PS de post scriptum, entenda-se. Estou tão desastrado. Se calhar também devia mudar o título. Ou não. JR
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