O respeito pelos direitos humanos na América Latina continua a ser uma utopia, assegura o relatório anual da Amnistia Internacional (AI), que denuncia também a conivência de governos com grupos armados clandestinos e a persistência da corrupção, da pobreza e da tortura. Impulsionados pela administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, "os governos da região incrementaram o papel do exército nas operações de ordem pública e de segurança interna", acrescenta a AI, vinculando esse aumento a uma maior instabilidade institucional, à violência política e ao narcotráfico. Neste sentido, o relatório diz que "persistem a tortura, os homicídios cometidos pela polícia e as detenções arbitrárias". Outro factor preocupante, segundo a AI, é o aumento da delinquência, especialmente dos sequestros, que se estenderam por toda a América Latina". Em relação às conquistas em matéria de direitos humanos, "intensificaram-se os esforços em toda a região para combater a impunidade referente às graves violações dos direitos humanos cometidas nas últimas décadas". Na Argentina, um tribunal determinou uma ordem internacional de detenção contra o ex-presidente paraguaio Alfredo Stroessner, acusado de ter participado em violações dos direitos humanos nos anos 70 e 80. O Supremo Tribunal espanhol, por seu lado, "ratificou a competência da justiça espanhola para julgar o ex-oficial da marinha argentina Adolfo Scilingo, envolvido em torturas e no desaparecimento de pessoas durante o regime militar de 1976-1983 na Argentina. No Chile, também o Supremo Tribunal "suspendeu a imunidade do ex-presidente Augusto Pinochet", permitindo a abertura de "diligências", lembra o relatório. No entanto, segundo a AI, em muitos países latino-americanos os militares e polícias acusados de cometer violações dos direitos humanos continuam a ser julgados nos tribunais militares e evitam a jurisdição dos tribunais civis.
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