Literacias e educação para a cidadania
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Desenha-se agora uma nova etapa na orientação do movimento pendular da educação. Surgem novas prioridades determinadas (?) pela necessidade de recuperação do nosso atraso económico, científico e tecnológico. Emergem prioridades dirigidas para as literacias científica, matemática e linguística.
- Ao longo da década de 90, as principais mudanças em Portugal estiveram vinculadas à sua abertura ao exterior. Foi o impacto da adesão à UE, a diversificação étnica e cultural da sociedade e das escolas por efeito da imigração, a fragilização do conceito tradicional de cidadania e da participação dos cidadãos na decisão política, e a emergência de novos sentidos de cidadania. Algumas destas questões, particularmente a diversificação cultural, foram sentidas como problemáticas nas escolas gerando respostas locais que, pouco a pouco, deram origem a iniciativas políticas dispersas, sob a forma de programas, projectos e orientações curriculares específicas visando, sobretudo, promover abordagens mais inclusivas da diversidade dos alunos. Estão entre essas respostas, a flexibilização curricular, os currículos alternativos, a educação multicultural, a escola inclusiva, etc.
A revisão curricular de 2001 integra no currículo nacional algumas daquelas prioridades. Coloca, explicitamente, no horizonte da educação básica o esboço de um perfil de cidadão feito de um conjunto de 10 competências consideradas essenciais para exercício da cidadania. Um breve olhar sobre aquelas competências permite-nos concluir que a sua realização é necessariamente feita da transversalidade de saberes e competências dos domínios das ciências matemáticas, naturais, sociais e humanas, e das expressões artísticas. Ou seja, formalmente, a proposta política faz o pêndulo da educação oscilar numa amplitude integradora da diversidade de saberes e competências necessários para o tal esboço de cidadão. Faltam sem dúvida investimentos na formação e apoio aos professores e às escolas para realizarem da melhor forma o desenvolvimento daquelas competências privilegiando, como condição estruturante, a qualidade dos saberes e o equilíbrio entre eles.
- Desenha-se agora uma nova etapa na orientação do movimento pendular da educação. Surgem novas prioridades determinadas pelos desafios da competitividade e do desenvolvimento da Declaração de Lisboa, e pela necessidade de recuperação do nosso atraso económico, científico e tecnológico. Emergem neste ambiente prioridades dirigidas para as literacias científica, matemática e linguística. Duvido que a iniciativa prevista de mais tempo lectivo para essas literacias seja a solução adequada. Sem querer argumentar com o eventual excesso de tempo curricular para as crianças, ele passará de facto a ser excessivo e sem vantagens correspondentes. Existe sempre o risco de mais do mesmo. Há a considerar, em primeiro lugar, desafios a mudanças de processos de gestão do currículo no sentido de perspectivas práticas mais integradoras, da utilização adequada dos tempos lectivos, privilegiando aprendizagens estruturantes das diversas áreas curriculares, mantendo uma distribuição equilibrada entre as diversas aprendizagens necessárias para a construção das competências.
É que o desenvolvimento a uma cidadania de qualidade é feita de socializações e ensino e aprendizagens de qualidade; requer saberes específicos dos vários domínios que estruturem consistentemente as competências sociais, científicas e técnicas para o seu exercício. Para isso fazem falta competências feitas de todas de literacias sejam as linguísticas, matemáticas, naturais ou sociais e humanas.
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Ficha do Artigo
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Edição:
Ano 14, Julho 2005
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Autoria:
ESE de Lisboa
ESE de Lisboa
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