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Faria de Vasconcelos (1880-1939)

Faria de Vasconcelos, um português presente no Movimento Pedagógico ?Escola Nova?, nasceu no final do século XIX. Este movimento pedagógico terá tido origens diversas que incluem Tolstoi. Propunha a instituição de internatos e a ligação da teoria à prática, a observação da Natureza pelas crianças, o excursionismo educativo. Os mentores da Escola Nova entendiam que as crianças se estavam a afastar da Natureza, sentida como algo estranho e distante, sendo necessário um regresso à percepção do mundo natural.
Na Europa, depois da Revolução Industrial, pessoas como Pestalozzi, Froebel, Herbart e outros lutaram pela ideia da importância da Educação, como fez John Dewey nos Estados Unidos. Faria de Vasconcelos tem vinte anos em 1900. António de Sena Faria de Vasconcelos estudou Direito, em Coimbra e em 1902 foi para a Bélgica estudar na Universidade Nova onde chegaria a Professor Catedrático. Em 1912 funda a Escola Nova de Bièrges-Les-Wavre. Adolphe Ferrière sublinhou o valor desta escola, que usava a inteligência e a acção em vez da memória. Ferrière foi amigo e admirador de Faria de Vasconcelos. A fundação da sua escola na Bélgica, a sua participação como professor no Instituto Jean-Jacques Rousseau (Genebra, Suíça) o trabalho que prestou em Cuba e na Bolívia, onde publicou muitos livros sobre Psicologia, traduzidos para inúmeras línguas, foi muito importante. Ainda hoje é conhecido nesses países. A sua contribuição para a criação e desenvolvimento das Escolas do Magistério Primário em Cuba e na Bolívia foi, de resto, fundamental.
Voltou para Portugal sendo professor na Universidade de Lisboa, continuando a escrever. Morreu em 1939. Não sabemos qual teria sido a sua relação com o regime de Salazar. Participara, com António Sérgio, de uma tentativa de reforma educativa. Ferrière considerou modelar a escola que fundou e dirigiu na Bélgica. ?Une École Nouvelle en Belgique? é uma obra que se encontra traduzida em inúmeras línguas, tal como outras que Faria de Vasconcelos nos deixou. A admiração que por ele existe no ?Mundo Hispânico? é fácil de observar: basta falar nele na Galiza. Um dos seus livros foi distribuído por todos os professores bolivianos. Em Portugal, na maioria dos casos, permanece desconhecido. Mais estranho ainda: a maioria das suas obras, escritas originalmente em francês ou castelhano, nunca foram traduzidas para português!


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 146
Ano 14, Junho 2005

Autoria:

Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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