Balanço positivo
Nunca, em vinte e cinco anos de democracia, tantos celebraram [em Espanha] a noite eleitoral de 14 de Março de 2004. A crispação em que se convertera a confrontação política, tinha chegado a níveis irrespiráveis, afigurando-se impossível prolongar tal clima político por mais quatro anos. Mas, como «gato escaldado de água fria tem medo», e «com a mosca atrás da orelha», um mínimo de prudência fazia com que não passasse-mos, a ninguém, um cheque em branco. Queríamos evitar frustrações posteriores. Transcorrido um ano, visto o que vimos, as sombras não nos parecem maiores do que as luzes, nem pouco mais ou menos. A não ser que estejamos dispostos a fazer o jogo da direita mais integrista. É verdade que a muitos de nós não nos entusiasma a claudicação perante a hierarquia da Igreja Católica. Sobretudo quando isso pode pressupor integrar no ensino público a disciplina de religião. Nem gostamos do atraso de alguns programas ou prazos de obras públicas. Também não nos parece muito em forma a ministra do ramo que pouco tem cumprido o programa de habitação social. Mas isso são assuntos menores. Devemos continuar a valorizar a grande POLÍTICA, com maiúsculas, a dos direitos e liberdades, essa que permite que nos possamos entender, por mais que nós cidadãos tenhamos opiniões muito distintas. Essa Política, goza de boa saúde. A alguns é ainda preciso lembrar-lhes, porque somos fracos de memória, que há um ano estávamos metidos numa guerra, o nosso prestígio internacional só tinha cotação na bolsa de Nova York e tínhamos um pé na fronteira de uma involução política de incalculáveis consequências.
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