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Utopia ou realidade

Nos dias de hoje, consideramos a escola como um espaço privilegiado de educação, onde se espera que os professores miraculosamente consigam responder a todos os problemas que lhe são todos os dias colocados na sala de aula.
De facto ser professor não é de todo uma tarefa fácil, não podemos olhar a escola nem o papel do professor como um mágico que coloca na cartola todos os problemas sociais, profissionais e afectivos das crianças e retira de lá uma receita com soluções para todos eles.
Dizer que a escola pública está em crise, que enfrenta inúmeros problemas, que tem elevadas taxas de insucesso e abandono escolar, todos nós já sabemos, só que não é com lamentações nem queixas que isto a solução vai aparecer. Pelo contrário, a solução passa pela acção pelas escolas, com os verdadeiros intervenientes educativos.
Também a sociedade deve tomar consciência do seu papel na educação numa acção conjunta com os professores para tornar a escola um espaço de educação profissional, de educação para a cidadania e educação para os afectos.
Percebendo a dificuldade que escola muitas vezes possui em estabelecer e estreitar as relações com a comunidade e vice-versa, a acção dos licenciados em Ciências da Educação pode ser uma ajuda importante: mediando e potenciando as relações entre a escola e a família; criando espaços de reflexão conjunta que permitam a ambos encontrar pontos de interesse comum, que estimulem a sua acção na resolução dos problemas e necessidades da escola; assessorar a escola na construção de um Projecto Educativo com significado e sentido para todos, já que muitas vezes isto não acontece, pois os professores sentem falta de preparação para o construir; auxiliar na criação de iniciativas (como debates, exposições, jogos) no âmbito do Projecto Educativo, que permitam a abertura da escola à comunidade, apelando e estimulando a sua participação na educação escolar dos filhos; e principalmente ajudando a escola a desenvolver estratégias de autonomia para que possam mais tarde fazer este percurso sozinhas, sem o apoio do assessor externo, o licenciado em Ciências da Educação.
Isto não significa que o papel do Técnico Superior de Educação se esgote nestas acções ou termine quando os actores educativos se tornarem autónomos, pelo contrário, a sua acção pode aí começar a desenvolver-se na escola, mas em outros domínios que suscitem esse apoio.
Construir uma escola ainda melhor pode ser uma utopia, mas também pode ser uma realidade e tudo depende da nossa reflexão, da nossa participação, e da nossa acção.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 143
Ano 14, Março 2005

Autoria:

Ana Carolina Silva
Estudante do 3º ano da licencatura em Ciências da Educação, Fac. de Psicologia e Ciências da Educação da Univ. do Porto
Ana Carolina Silva
Estudante do 3º ano da licencatura em Ciências da Educação, Fac. de Psicologia e Ciências da Educação da Univ. do Porto

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