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Arábia Saudita: homens aprendem sobre democracia, mas mulheres não votam

O ATRASO

Reunidos no hall de uma escola, o príncipe sultão Abdelaziz al-Zaid e vários elementos da maioria sunita davam uma última vista de olhos nas listas eleitorais que apresentavam centenas de candidatos aos sete lugares de conselheiro municipal de Riad, capital da Arábia Saudita.
Para pelo menos cerca de 140 mil homens sauditas, a eleição municipal organizada no mês passado na capital e respectiva província significou, de certa forma, uma aula sobre democracia, um conceito totalmente estranho a esta monarquia ultraconservadora sustentada por uma estrutura tribal muito rígida.
"Isto devia ter ocorrido há anos", comenta Abdalah Mazrua, 56 anos, professor de matemática, ao sair da escola com um sorriso no rosto, evidenciando não um sentimento de dever cumprido, mas a satisfação do exercício de um direito.
A tarefa, porém, não se revelava fácil, já que era necessário escolher sete entre seiscentos candidatos possíveis, sendo a maioria deles completamente desconhecida para os eleitores. Colocado perante este dilema, Azrua afirma ter baseado a sua escolha nas competências profissionais dos candidatos e não na sua notoriedade ou fortuna.
A acompanhá-lo neste momento histórico estava o seu filho mais velho, Ziyad, de 14 anos, que prestava atenção a todo o processo. "É bom para ele, porque dá-lhe oportunidade de antever o que será o futuro", explicou o pai, que, como a maioria dos outros eleitores, acredita que esta será a primeira de muitas eleições.
Afastadas deste processo estão as mulheres, que ainda não têm direito de voto. Alguns dos eleitores parecem concordar com o voto feminino, ou pelo menos não se opõem a ele, embora, por vezes, coloquem restrições. "Elas deveriam ter direito de voto porque fazem parte da sociedade, mas talvez ainda não devam poder ser eleitas", disse Mohammad Bahmaid, candidato da quinta circunscrição de Riad e que se auto-define como um "islamita".
"A vez delas chegará", disse a este propósito Azrua, mostrando-se convencido que "num prazo de cinco ou dez anos as mulheres irão poder votar".


  
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Edição:

N.º 143
Ano 14, Março 2005

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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