A POBREZA
A propagação do vírus da Sida - que afecta actualmente um adulto em cada cinco na África do Sul - e os altos índices de pobreza que atingem um significativo número de crianças e jovens, estão na origem da grande taxa de absentismo escolar verificada nas zonas rurais daquele país, revela um estudo divulgado recentemente pela Fundação Nelson Mandela, intitulado ?Vozes Emergentes?, realizado em colaboração com o Conselho para a Investigação das Ciências Humanas. O relatório traça um quadro sombrio do contexto social das camadas mais jovens da população que habita o interior sul-africano, revelando que uma parte significativa dos jovens se vê forçada a tratar dos pais em situação de doença, a assegurar as tarefas domésticas ou a tratar dos irmãos mais pequenos em lugar de se dedicar aos estudos. De acordo com a ONU, o vírus da Sida atinge 5,3 milhões de sul-africanos e os problemas relacionados com as condições de saúde são referenciados por 57% dos pais e encarregados de educação como justificação para o absentismo e o abandono escolar dos filhos. O relatório sublinha, neste sentido, que a Sida "não é um problema isolado", já que a ele se juntam a fome, os custos das propinas escolares e a gravidez precoce, cujo impacto na educação "agrava os problemas existentes". Às crianças e aos jovens faltam também apoios na sua escolarização devido ao analfabetismo e ao baixo nível de escolaridade das famílias. Uma das questões do inquérito, realizado junto de professores e alunos de nove escolas rurais em três províncias do país, perguntava às crianças e jovens se alguém as ajudava nos trabalhos de casa, e se não, porquê. No total, 65% das crianças interrogadas respondeu que ninguém em casa era "suficientemente escolarizado" para as ajudar.
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