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Escola e TPC

Sempre que possível, os trabalhos de casa devem ser inseridos na estratégia global de recuperação de dificuldades e gestão de tempo, no âmbito do Projecto Curricular de Turma. Significa isto, que dada a excessiva carga horária dos alunos, os vulgo TPC deverão orientar-se essencialmente como complemento de estudo das matérias.
O problema é fundamentalmente de tempo e de programas excessivos, com objectivos na maior parte das vezes desenquadrados da faixa etária a que se destinam. Os alunos têm ainda que contar com o tempo de deslocações, muitas vezes longos, nomeadamente em Escolas de meios rurais ou de incidência urbana mais reduzida, concentrando população escolar proveniente de diversas freguesias.
Cansado e por vezes mal alimentado, o jovem chega a casa sem condições para estudar de forma continuada, diária, pelo que os TPC poderão, ao invés do que é costume afirmar-se, constituir um importante auxiliar de estudo desde que permitam uma esquematização-síntese das matérias e não se desviem dos aspectos sobre os quais incidirão as avaliações.
Sem menosprezar a importância de trabalhos de desenvolvimento, igualmente importantes para a formação científica e humana, enquanto o ensino incidir sobretudo em métodos quantitativos de avaliação, onde o teste de avaliação representa, por muito que se diga que não, o maior peso na nota final, o trabalho efectuado em casa para a Escola deverá ser enquadrado numa gestão de tempo correcta e viável.
Em meios mais favorecidos, onde o apoio em casa ou em centros de explicações pode colmatar dificuldades de aprendizagens de base, coloca-se o problema das actividades extracurriculares, nomeadamente o desporto, a música, ensino de línguas, cuja exigência concorre com o currículo escolar propriamente dito. Do que tentamos expor evidencia-se uma ideia chave: independentemente da qualidade da população escolar (medida pelos meios ao dispor para superação de dificuldades e não em termos de capacidades), o problema do tempo é fundamental pelo que a sua optimização é um passo muito importante no domínio da organização e métodos de trabalho.
Neste sentido, a área curricular não disciplinar de Estudo Acompanhado pode dar um contributo efectivo, ensinando os alunos a aproveitarem o melhor possível o seu tempo e desenvolvendo competências transversais, sem nunca cair na tentação (o que infelizmente está a acontecer, baseado num pragmatismo míope e de pouca amplitude) de transformar esta área curricular não disciplinar num bloco de explicações que necessariamente criará injustiças, quer por não se poder explicar todas as disciplinas, quer por não responder às necessidades diversificadas do grupo-turma.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

Paulo Frederico Ferreira Gonçalves
Professor do 2º ciclo na Escola Básica S. Torcato - Guimarães
Paulo Frederico Ferreira Gonçalves
Professor do 2º ciclo na Escola Básica S. Torcato - Guimarães

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