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A possibilidade de mudar de carreira pode agradar a alguns professores

SEGUNDA CARREIRA

Em França foi apresentada a proposta da chamada "segunda carreira" dos professores. De acordo com esta proposta, os professores com mais de quinze anos de serviço, podem candidatar-se a outros lugares da administração pública que sejam do seu interesse.
Em França, a actual decisão corre o risco de provocar um enorme engarrafamento nestes concursos pois, para 500 postos de trabalho oferecidos, calcula-se que vá haver mais de 300.000 candidatos entre os 800.000 professores existente no país.
O ministro da educação mostra-se apreensivo e cauteloso tendo dito que «é impossível calcular o número de candidatos neste momento».
A abertura desta possibilidade de mudar de carreira, mostrou uma enorme desproporção entre o número dos professores que querem mudar e a oferta de postos de trabalho disponíveis noutros lugares da administração.
As dificuldades são ainda maiores porque está legislado que por cada dois funcionários públicos que saiam só um pode ser substituído.
Para além das dificuldades de dar seguimento prático ao processo, fica a discussão sobre alguns aspectos sensíveis da carreira dos professores.
Devido à baixa da taxa demográfica, na maioria dos países da Europa, o número de professores ? e de candidatos a professores ? é superior às necessidades do sistema. Acresce que o envelhecimento do corpo profissional docente é um facto. Mais reforçado por geralmente não serem substituídos os que se reformam, por jovens professores, visto que os substitutos já estão disponíveis no sistema.
A profissão docente é, desde sempre, uma profissão de grande desgaste. Tal desgaste é agora ainda maior pelo facto de as turmas de alunos serem cada vez mais heterogéneas, multiculturais, e exigirem uma atenção redobrada e individualizada dos professores. É por isso frequente notar-se um grande cansaço, desmotivação e menor disponibilidade dos professores a partir da segunda metade da sua carreira.
A hipótese da «segunda carreira» é uma, entre outras, das medidas a serem discutidas no sentido de responder não apenas a necessidades do sistema, mas também a interesses dos próprios docentes.


  
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Edição:

N.º 141
Ano 14, Janeiro 2005

Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.

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