LITERATURA
Dez anos depois de publicar o seu último romance, o colombiano Gabriel García Márquez, prémio Nobel de Literatura, volta ao género que o consagrou com o livro "Memoria de mis putas tristes", a história de um professor de 90 anos que deseja presentear-se com uma noite de amor com uma virgem adolescente. Contada em 109 páginas, a nova obra do aclamado autor de "Cem Anos de Solidão" foi recentemente lançada com tiragem de um milhão de exemplares nos países ibero-americanos. O lançamento foi precedido da mesma expectativa que costuma gerar um novo livro do escritor colombiano, desta vez temperada com a discrição com que foi preparada a edição. Apesar de o texto ter sido mantido em absoluto segredo e a sua leitura só ter sido permitida a poucas pessoas próximas do escritor, tal não impediu a circulação de versões piratas na semana anterior ao seu lançamento. No seu primeiro romance em 10 anos, depois de "Do Amor e Outros Demónios", de 1994, García Márquez faz uma homenagem ao Nobel japonês Yasunari Kawabata, cujo romance "A Casa das Belas Adormecidas", de 1961, serviu de base para o seu livro. Decorrido em Barranquilla, no mar das Caraíbas, em meados do século passado, "Memoria de mis putas tristes" é contado na primeira pessoa pelo professor Mustio Collado (assim apelido pelos alunos), que decide viver o amor através de uma relação platónica. Para isso, procura uma "donzela", Delgadina, de 14 anos. Na Colômbia, onde, segundo as estatísticas oficiais, cada habitante lê apenas um livro por ano, o lançamento de uma obra de García Márquez é sempre uma festa e neste caso não foi excepção. O mesmo fenómeno observou-se há dois anos com o lançamento do primeiro volume da sua autobiografia, "Viver para contar" e há sete, quando da publicação de "Notícia de um sequestro", ampla reportagem sobre o tráfico de drogas e Pablo Escobar, que liderou o cartel da cocaína em Medellín, um personagem que sempre obcecou o escritor.
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