INUNDAÇÕESAs inundações que assolaram o mês passado uma parte da Ásia estão entre as piores da história recente do continente e, de acordo com os especialistas, o fenómeno corre o risco de agravamento devido aos efeitos do rápido desenvolvimento económico da região. Apesar de o nível das chuvas ter vindo a estabilizar desde há alguns anos, a devastação florestal e a urbanização desenfreada ligadas à industrialização explicam a catástrofe. "As inundações têm tanto de fenómeno natural como de fenómeno humano", afirma o professor de geografia da Universidade Baptista de Hong Kong, David Chen. "Há um abismo crescente entre o desenvolvimento económico e as medidas que limitam o seu impacto no meio ambiente, e as inundações são uma consequência disso". A principal causa das inundações resulta da incapacidade do solo em absorver as chuvas nas áreas urbanas, ao contrário das áreas rurais, onde a água penetra no solo ou é armazenada em lagos. "É uma questão de permeabilidade", explica um meteorologista da Universidade Chinesa de Hong Kong, Kenneth Wong. Mas o campo também tem vindo a sofrer problemas devido à devastação florestal, que priva o solo das árvores e da vegetação que lhe permitem reter a água. As maiores inundações deste verão registaram-se em dois países onde o crescimento e a urbanização são particularmente fortes: China e Índia. Na China, 381 pessoas morreram, outras 98 foram dadas como desaparecidas e 45,7 milhões foram afectadas de algum modo, segundo informações adiantadas pelo governo chinês. No ano passado as consequências foram ainda mais graves, causando mais de 1900 mortos e deixando milhões de pessoas sem tecto. As piores em anos recentes causaram mais de 4000 mortos em 1998.
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