A América Latina será pela primeira vez cenário de um encontro mundial que reunirá, em Novembro, em Brasília, representantes dos cinco continentes, que avaliarão, a pedido da Unesco, os meios necessários para fazer da educação uma prioridade a nível mundial. "A Unesco queria que a América Latina fosse sede do IV Encontro Anual e o Brasil foi escolhido pela sua representatividade em termos de população e pelos êxitos obtidos no âmbito da educação", afirma Jorge Werthein, representante da Unesco no Brasil. A reunião de Brasília será intitulada "Educação para todos" e contará com chefes de Estado, ministros da Educação e da Economia, organizações internacionais e membros da sociedade civil. "O objectivo da reunião de Brasília não é estabelecer que a educação é importante, mas que deve constituir uma prioridade", acrescentou Werthein. A formação de professores, a elaboração de dados concretos sobre o acesso à escola em todo o mundo e a educação como geradora de recursos e diminuição da violência estarão no centro dos debates. Entre os êxitos que o Brasil apresentará neste encontro destaca-se o programa "Escola da Família" do governo de São Paulo. O secretário de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, explica que esta iniciativa, iniciada em 2003 e que consiste em abrir ao fim-dde-semana as 5800 escolas daquele Estado aos alunos e às famílias, oferecendo actividades que vão desde a leitura pública a partidas de futebol, conseguiu reduzir a violência na região e melhorar a estima pela escola. No encontro de Novembro, o Brasil apresentará os seus êxitos mas também os seus maiores desafios e pontos fracos. "O governo brasileiro não tem uma política de educação. Não teve com Fernando Henrique Cardoso e não tem agora com Luiz Inácio Lula da Silva. Cada ministro que chega impõe a sua própria política e tudo recomeça do zero", lamenta Chalita, que critica ainda os parcos recursos que o governo federal dedica à educação básica.
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