NEOLIBERALISMOMais de metade dos 400 milhões de latino-americanos não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas diárias e existem 102 milhões de indigentes que não conseguem sequer garantir a subsistência dos próprios filhos. A longa crise e o custo social dos modelos ultraliberais aplicados nos anos 90 agravaram os dramas da região e acabaram com as ilusões de esta alcançar o nível dos países desenvolvidos. Crianças que vivem nas ruas, idosos que mendigam, famílias que comem do lixo e profissionais que exercem profissões abaixo da sua formação já fazem parte habitual do cenário das principais cidades latino-americanas. Os números impressionam: quase 91 milhões de pessoas tornaram-se pobres nos últimos 20 anos e 226 milhões de indivíduos vivem com menos de dois euros por dia na América Latina. Não apenas aumentou a quantidade de pobres em termos absolutos como também houve um nítido crescimento da indigência ou miséria extrema: actualmente, há 40 milhões a mais de indigentes do que há 20 anos. Com um abismo cada vez maior entre ricos e pobres, a América Latina é - segundo as estatísticas - o continente onde existe a pior distribuição da riqueza, não apenas ao nível do rendimento mas de serviços como a educação e a saúde. No meio deste panorama desolador, o que mais preocupa os especialistas é o aumento da pobreza nos sectores mais vulneráveis da sociedade latino-americana, entre eles os idosos, as mulheres, os indígenas e, principalmente, as crianças.
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