ARQUEOLOGIAO sítio arqueológico mexicano de maior renome mundial, Teotihuacán, começa a revelar os seus segredos após cinco anos de exploração, confirmando que entre as culturas do centro daquele país e os distantes Maias houve mais do que um intercâmbio comercial. A "cidade dos mistérios" foi fundada por volta do século II a.C e abandonada sem que se saiba exactamente porquê nove séculos depois. Desde 1998, uma equipa internacional de arqueólogos e especialistas de várias áreas cavou túneis transversais na pirâmide da Lua (44 m de altura), situada no extremo norte do sítio e na secção final da monumental Calçada dos Mortos (4 km de comprimento). Algumas das descobertas mostram várias reproduções de cerimónias fúnebres de homens que foram sacrificados e enterrados em posição de flor de lótus, com jóias e, em dois casos, acompanhados de animais que foram sepultados vivos, segundo revelam as investigações. Esta forma de enterro não corresponde à tradição dos teotihuacanos, mas aos Maias, cujas principais cidades se encontram a quase mil quilómetros de distância, indicando que "a relação entre os dois povos se estendeu ao nível político e de governo", explica Rubén Cabrera, arqueólogo responsável pelo sítio, juntamente com o japonês Saburo Sugiyama. As mais de mil peças encontradas na pirâmide da lua permitem entrar pouco a pouco no conhecimento desta gigantesca cidade, onde chegaram a viver, na sua época áurea, cerca de 200 mil habitantes. Os especialistas continuam sem saber se Teotihuacán contou com apenas um líder ou com um conselho de nobres, como foi fundada e se perdeu, ou qual o significado exacto das imagens fantásticas representadas nos seus muros. Para o professor Enrique Florescano, está demonstrado que a cidade "não foi apenas um centro religioso, mas uma formidável máquina de guerra", cuja influência se estendeu a todo o Vale do México.
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