POLÍTICA e LITERATURA

O escritor mexicano Carlos Fuentes afirmou em Nova York que Samuel Huntington, o professor da Universidade de Harvard que no seu último livro afirma que os imigrantes mexicanos acabarão com o "sonho americano", é "racista e fascista".
"As ideias de Huntington são racistas, eu diria fascistas, e além disso criam tensão", afirmou Fuentes.
"Ele é um fundamentalista que dificilmente aceita mais alguém. Para ele, os bons americanos são os de Plymouth", acrescentou, numa referência à cidade do Estado de Massachusett que foi o primeiro assentamento europeu na Nova Inglaterra.
Os imigrantes mexicanos, afirmou o escritor de 75 anos, são trabalhadores e empreendedores, e merecem ser tratados com respeito.
Huntington, cujo conceito de "choque de civilizações" ganhou notoriedade após os atentados de 11 de setembro, prevê no seu novo livro, "Who are we?" ("Quem somos nós?"), um novo choque cultural, que terá como resultado a morte do "sonho americano" nos Estados Unidos pelas mãos dos imigrantes hispânicos.
Huntington afirma que a alta taxa de natalidade dos hispânicos que moram nos Estados Unidos - 40 milhões numa população total de 280 milhões -, a sua incapacidade de aceitar os valores anglo-protestantes e a sua dificuldade para aprender o inglês acabarão fracturando o país.
Em declarações posteriores à imprensa, o escritor mexicano, afirmou também que Cuba é condenável, mas os Estados Unidos também são condenáveis. "Eu penso que Cuba é condenável, mas os Estados Unidos também são condenáveis, pois aqui existe a pena de morte e são cometidas muitas violações dos direitos humanos", disse Fuentes, que lembrou os 52 presos mexicanos que aguardam execução em penitenciárias americanas. "Os direitos humanos precisam de ser defendidos universalmente onde quer que sejam violados, e aqui, nos EUA, eles também são violados", disse.