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Entre a pressão islamita e a modernidade

MULHER EGÍPCIA

Na vanguarda do mundo árabe pela melhoria da condição feminina na primeira metade do século XX, a mulher egípcia sente cada vez mais a pressão dos sectores islâmicos radicais e vê complicar-se a tentativa de salvaguardar os seus direitos numa sociedade crescentemente conservadora. O véu islâmico (?Hijab?) generalizou-se nas ruas: as raparigas mais jovens começaram a usá-lo por uma questão de pressão social e as trabalhadoras do sector dos serviços, que antes vestiam à ocidental, apresentam-se no escritório com os cabelos cobertos. Nas universidades, o número de estudantes usando o ?Hijab? aumentou nos últimos vinte anos. Muitas destas raparigas estão inclusivamente à frente de manifestações contra a lei que interdita o uso do véu islâmico nas escolas públicas francesas.
As mulheres, que de acordo com as últimas estatísticas oficiais representam 49% da população, têm vindo a diminuir a sua representatividade política, não contando hoje com mais do que 2,4% dos assentos parlamentares na Assembleia do Povo e 5,7% na ?Choura?, ou Senado. O governo, por sua vez, conta apenas com duas ministras.
Apesar disto, uma mulher foi recentemente nomeada juíza do Tribunal Constitucional e uma outra directora do Museu Nacional, havendo igualmente avanços na área dos direitos jurídicos. Por trás destas conquistas está Suzanne Moubarak, mulher do presidente Hosni Moubarak, que tenta fazer emergir uma nova elite política no feminino.
Num recente artigo publicado na revista feminina ?Nisf Al-Dounia? (A Metade do Mundo), Suzanne Moubarak lamenta a sub-representação política da mulher, atribuída, em sua opinião, à ausência de uma base popular a favor da participação cívica das mulheres. ?É necessário fazer emergir uma base de quadros políticos mulheres para que elas possam ganhar uma maior representatividade?, referia Moubarak.
Outro dos grandes problemas enfrentados pela mulher egípcia ? para além da taxa de analfabetismo, que atinge os 67% ?, é a ancestral prática da excisão do clítoris. Apesar da interdição formal prevista pela lei, a excisão continua a ser largamente praticada e o Egipto só aparece atrás do Sudão e da Somália em número de casos. De acordo com organizações internacionais, entre 120 e 130 milhões de mulheres são submetidas anualmente a esta prática.


  
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Edição:

N.º 133
Ano 13, Abril 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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