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Problemas em todas as frentes

ESCOLAS LATINO-AMERICANAS

Altos índices de abandono escolar, instalações deficientes, professores mal preparados e mal pagos. Com o ano lectivo de 2004 em pleno andamento, as escolas públicas da América Latina deparam-se com vários obstáculos para tirar milhões de crianças do analfabetismo e da ignorância.
Nalgumas cidades do Brasil, por exemplo, as escolas de nível básico funcionam nas casas das próprias professoras, que dão aulas para crianças de várias idades sem qualquer tipo de orientação pedagógica.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Estatística de 2003, o país tem um número estimado de 24 milhões de analfabetos (16% da população) e apenas 5,8 milhões pessoas (6,8%) têm um nível de educação superior. A falta de investimentos em educação e os baixos salários dos professores, associados ao elevado abandono escolar dos alunos mais pobres, dificultam a diminuição destas disparidades.
No México, onde a taxa de analfabetismo ronda os 10,9%, a lei determina que a educação seja gratuita e obrigatória, mas, a realidade mostra que a população mais pobre fica à margem da escola.
Na Argentina, a educação, tal como a economia, está em crise. Os professores são em geral mal pagos e em oito províncias o início das aulas esteve marcado por protestos pedindo melhorias salariais.
O Chile implementa actualmente uma reforma que pretende aumentar a jornada escolar entre 200 a 250 horas anuais e a actualização de todos os programas de estudo, com destaque para o ensino do inglês e da informática. Porém, de acordo com um recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o mau desempenho do sector educativo deve-se, na opinião dos especialistas, à má qualidade do sistema, facto que nem os melhores computadores poderão contrariar.
Também no Peru a informática é apontada como remédio para os males da educação. Através do programa ?Huascarón?, que consiste em equipar com computadores as escolas das regiões mais pobres do país, o governo peruano pretende que as crianças menos favorecidas tenham acesso à Internet. Porém, enquanto se adapta a educação à era digital, em muitas cidades, nomeadamente na superpovoada capital Lima, muitas crianças nem sequer têm à disposição mesas e cadeiras para estudar e assistem às aulas sentados em tijolos.
A mesma situação se observa no Paraguai, onde os computadores fornecidos às escolas pelo governo contrastam com os baixos salários dos professores, com uma infra-estrutura inadequada e com um alto número de crianças e jovens com idades entre 5 e 17 anos fora do sistema educacional.
No Uruguai, onde a taxa de analfabetismo é relativamente baixa (3,21%) em comparação com os países da região, a principal preocupação centra-se actualmente no abandono escolar e nos elevados índices de repetência, a que se junta o facto de o país ter perdido cerca de metade do pessoal não docente nos últimos dez anos.


  
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Edição:

N.º 133
Ano 13, Abril 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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