O realizador espanhol Pedro Almodôvar afirmou que gostaria que o Papa João Paulo II assistisse ao seu último filme, "A má educação", que aborda o problema dos abusos sexuais sobre menores cometidos por sacerdotes durante a ditadura do general Franco. "Gostaria que o Papa comparecesse à estreia. O que não farei é uma exibição privada, como fez Mel Gibson" com o seu filme "A Paixão" de Jesus Cristo, disse o cineasta em declarações publicadas pela imprensa da capital espanhola. "A má educação", que foi escolhida para abrir o 57º Festival de Cannes, em 12 de Maio, não é "um ajuste de contas com os sacerdotes", assegurou. "Queria encontrar um meio tom, distante, que não soasse como uma revanche, e assim achei uma maneira de fazê-lo com menos raiva, mais adulta, mas também mais negra", explicou o realizador, que demorou dez anos para escrever o roteiro. "Não me traumatizou o colégio. Esqueci-o no dia seguinte aquele em que saí. Horrorizou-me a educação baseada na culpa e o pecado visualizado, mas tinha coisas que me encantavam, como o cantar em latim", acrescentou. "A má educação" conta a história de dois rapazes que descobrem o amor, o cinema e o medo durante os anos 60 num colégio religioso dirigido pelo padre Manolo. Os três personagens voltam a encontrar-se no fim dos anos 70 e nos anos 80.
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