A aprovação pelo Parlamento francês no passado mês de Fevereiro de uma lei sobre a proibição de sinais religiosos ostensivos nos estabelecimentos de ensino público, entre eles o véu islâmico, suscitou a indignação dos membros da comunidade muçulmana, que alertaram para o facto de a medida poder manchar a imagem da França nos países árabes e muçulmanos. Os deputados franceses aprovaram a lei por 494 votos a favor, 36 contra e 31 abstenções. O número dois da poderosa congregação dos Irmãos Muçulmanos - considerada como a principal força de oposição no Egipto -, Mohammed Habib, afirmou no Cairo que a aprovação desta lei "terá consequências negativas sobre a atitude dos povos árabes e muçulmanos em relação à França e ao governo francês". Sublinhando que este país sempre foi apreciado no mundo árabe pelas suas posições políticas, nomeadamente em relação à causa palestiniana, Habib condena, no entanto, a posição do parlamento e do governo francês que, na sua opinião, "deveriam respeitar os sentimentos dos árabes e dos muçulmanos, já que usar o véu é uma obrigação no Islão". No mesmo dia em que a lei foi aprovada, centenas de estudantes da Universidade do Cairo saíram à rua da capital egípcia e exortaram ao boicote dos produtos franceses. Por outro lado, uma campanha de mensagens de telefones portáteis pedia orações de solidariedade com os muçulmanos residentes em França. Habib criticou também o grande imã de Al Azhar, o xeque Mohamed Sayyed Tantaui, autoridade máxima do islão sunita, que já havia declarado compreender a posição francesa sobre esta matéria. Tantaui, que afirmou que a França tem o direito de promulgar as leis que desejar no seu próprio território, incentivou os muçulmanos deste país a aceitarem a lei em vigor. A posição conciliadora do xeque Tantaui, expressa no final do mês de Dezembro durante a visita ao Cairo do ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, foi na altura muito criticada por outros líderes religiosos do mundo árabe e muçulmano.
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