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Solidários ou solitários?

"Todos os dias, no Planeta, cerca de 100 000 pessoas morrem de fome e das consequências imediatas da fome." (1)
A obra de Jean Ziegler "Os Novos Senhores do Mundo" vale a pena ser lida. Nos agradecimentos o autor refere o Professor Emir Sader, companheiro de Pablo Gentili, nosso amigo e estudioso das relações escola/sociedade, pesquisador do Laboratório de Políticas Públicas da UERJ, que já por várias vezes colaborou na "Página".
Jean Ziegler, num estilo sóbrio, vai analisando o mundo actual e refere que um homem com emprego precário não é um homem livre. É importante denunciar estes problemas, porque são problemas reais. Não basta a existência de uma democracia formal: se temos medo de exprimir o nosso pensamento, pois podemos ser condenados ao desemprego, não somos, de facto, homens livres. Para além disso tornamo-nos egoístas pelo medo; em
vez de solidários somos cada vez mais solitários, procurando resolver os problemas sem os outros... Na página 86 da obra que refiro, Ziegler cita Rousseau: "Estão perdidos se esquecerem que os frutos pertencem a todos e que a terra não pertence a ninguém". Abordagens semelhantes encontram-se na "carta ao grande pai branco" do chefe Seatle, na poesia de Walt Whitman ou nos versos de Fernando Pessoa (heterónimo Alberto Caeiro). Mas, como um dia disse Blaise Pascal, "todas as boas coisas já foram ditas, mas não foram feitas."

(1) Jean Ziegler, "Os Novos Senhores do Mundo e os seus opositores",
Lisboa, Terramar, 2003, p.17.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 131
Ano 13, Fevereiro 2004

Autoria:

Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Carlos Alberto Mota
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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