Página  >  Edições  >  N.º 131  >  Casta dos intocáveis manifesta-se em Mumbai

Casta dos intocáveis manifesta-se em Mumbai

Uma marcha de "dalits" ou "intocáveis", o estrato mais baixo no complexo sistema de castas que prevalece na Índia há 2500 anos, participou na inauguração do IV Fórum Social Mundial (FSM) que se realizou no mês passado de Janeiro nesta cidade.
Tocando tambores, dançando e carregando grandes faixas onde se lia "Outro mundo é possível", a palavra de ordem do Fórum, 1500 dalits chegaram à capital económica da índia numa marcha que começou no dia 4 de Dezembro nos quatro cantos do país.
Ao mesmo tempo, no local onde se realizava o Fórum, nos arredores de Mumbai, mulheres "intocáveis" desfilaram e dançaram ao ritmo de cantos nos quais exigiam o fim da exclusão e da discriminação contra a sua comunidade.
"Não podemos sequer beber água do mesmo jarro das outras castas", denuncia Rachana Rasaily, uma jovem dalit que participou na marcha, o que descreve as condições desumanas em que vive uma grande parte da população da Índia e do Nepal, que, segundo as regras do sistema de castas, deve exercer os trabalhos mais degradantes da sociedade.
Na Índia, com uma população estimada em 1 bilião de habitantes, 138 milhões de indianos pertencem a este estrato dos dalits, considerados párias, embora a Constituição tenha abolido há mais de 50 anos o sistema de castas hindu.
"Pela minha descendência, estou excluída dos serviços básicos, como saúde, educação, emprego. Negam-nos todos os direitos", afirma Rasaily. "E por ser mulher, sou duplamente discriminada", acrescenta.
De acordo com as explicações desta "intocável", os dalits são considerados "impuros" e não estão autorizados a tocar nos mesmos utensílios de comida das castas superiores: os brâmanes, ou sacerdotes, os kshatria, que formam a classe de guerreiros ou administradores, os vaisya, que são artesãos e comerciantes, e mesmo os suda, a casta inferior, composta por camponeses.
São párias da sociedade, que vivem amarrados há séculos aos trabalhos de recolher o lixo, lavar casas e quartos de banho, sendo também "vítimas de execuções sumárias e de torturas", denuncia uma activista da Campanha Nacional para os Direitos dos Dalits.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 131
Ano 13, Fevereiro 2004

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo