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Venham chorar as ruínas da República

Como é do conhecimento de todos, um pouco por todo o mundo, os políticos andam desorientados. Vive-se, a nível mundial, com raras excepções, uma situação de completa tonteria política. Tal situação decorre da aplicação, a nível global, das políticas (neo)conservadoras e (neo)liberais. Os políticos agora no poder, fascinados pelo negócio privado, começaram, nos últimos anos, a vender o Estado a retalho e ao desbarato. Agora sofre-se a sua falência e a sua incapacidade de responder às suas obrigações mais elementares.
Um sinal deste desconcerto, a que não pude deixar de achar graça pela imaginação demonstrada, deu-se em Janeiro na República Centro Africana. Colegas nossos de um sindicato de professores, apelou a todos os trabalhadores assalariados do sector público, para se juntarem na manhã de sábado, 17 de Janeiro, frente à bolsa do trabalho em Bangu, «para chorarem sobre as ruínas da República».
"Camaradas professores(as), camaradas trabalhadores(as), todos à bolsa do trabalho, sábado, 17 de Janeiro a partir das 09H00 para chorarmos sobre as ruínas da República", apelou a Interfederal da Educação da Republica Centro Africana.
No início de Janeiro, "o ministério das finanças declarou a quem o quis ouvir que o Estado Centro-africano estava incapaz de pagar aos funcionários públicos (?) e que era difícil, senão impossível, para o governo, fazer face aos pagamentos regulares a todos os funcionários e agentes do Estado e menos ainda de encarar actualizações salariais?, lembra a IFEC.
"O conceito apresentado aos trabalhadores pelo Presidente da República, «+trabalho e não + que trabalhar+» está esvaziado de sentido. Cada um deve trabalhar agora ao seu ritmo e ao seu gosto pois quem paga manda mas quem não paga não manda", continua o sindicato.
Como se vê não é só em Portugal que o primeiro ministro chora pela impossibilidade de actualizar os salários dos funcionários públicos. Não é apenas a República Portuguesa quem está em ruínas e a abrir falência. Como vemos, até em África acontece o mesmo.
Vamos também chorar pelas ruínas da nossa República?


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 131
Ano 13, Fevereiro 2004

Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.

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