Página  >  Edições  >  N.º 129  >  Crime e violência revelam a face da ?nova China?

Crime e violência revelam a face da ?nova China?

A China, que se apresentava até há pouco tempo como um país isento de crimes, admite enfrentar actualmente um aumento da violência, como demonstram vários casos de assassínios em série relatados recentemente pelos meios de comunicação do país. As sucessivas prisões de um assassino em série suspeito de 65 crimes, de outro que matou 25 estudantes e de um casal que executou 12 mulheres dominaram a atenção da imprensa chinesa.
Segundo os especialistas, a gravidade destes casos é, sem dúvida, excepcional, mas o espaço que têm ocupado nos media mostra o estado actual da sociedade chinesa, na qual o dinheiro e as tensões sociais alimentam o crime.
"Essas pessoas (os homicidas) sentem um ódio profundo pela sociedade, mas os crimes violentos continuarão enquanto não se reduzirem as desigualdades sociais", refere Frank Lu, do Centro de Informação sobre Direitos Humanos e Democracia na China, organização com sede em Hong-Kong.
Segundo os observadores, a proliferação de informação sobre actos criminosos, que antes era praticamente inexistente, não significa - ao contrário do que dizia a propaganda oficial até ao início dos anos 90 - que não houvesse crimes na China socialista. Apesar de a censura continuar a existir, este tipo de informação sensacionalista é mais explorado pela imprensa na proporção do aumento da concorrência entre os jornais e na medida em que o Estado tem reduzido o auxílio ao sector.
Não por acaso, os detalhes sobre o homem acusado do assassinato de pelo menos 65 pessoas foram publicados por um novo jornal, o Notícias de Pequim, com entrevistas exclusivas dos pais do suposto assassino e dos polícias encarregues da investigação. O jornal, que nega ter optado pelo sensacionalismo, demonstra que o crime é efectivamente um novo fenómeno social na China.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 129
Ano 12, Dezembro 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo