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Professor, um infopro
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É NO COMEÇO DO PERCURSO ESCOLAR DO INDIVÍDUO QUE ESTE TEM OS PRIMEIROS CONTACTOS COM A MANIPULAÇÃO DE INFORMAÇÃO, DEVENDO APRENDER A ACTUAR SOBRE ESTA...

A tecnologia não é tudo, nunca o foi nem nunca o será e como tal, apesar de nos encontrarmos a viver uma época em que as sociedades modernas são tecnologicamente assistidas, praticamente em todas as suas vertentes, há que pararmos um pouco para pensar e olharmos em redor, no caso em apreço, para o Sistema Educativo e os profissionais que fazem a Escola que temos.
A tecnologia «per si» não impele as pessoas para a criação da vontade de se tornarem ávidos e conscientes produtores e consumidores/utilizadores de informação e das respectivas tecnologias que a suportam. Para que tal aconteça, é preciso alterar o seu «modus vivendis», e isto só se alcança com o incremento da sua formação pessoal e profissional, sendo este objectivo conseguido através da interacção entre vários sistemas dos quais o principal é a Escola.
Acredito que aquela mudança de atitude está directamente relacionada com questões de formação cultural sendo esta, a cultura da escola que temos. É no começo do percurso escolar do indivíduo que este tem os primeiros contactos com a manipulação de informação, devendo aprender a actuar sobre esta, mas isto só se consegue começando a construir a casa pelo telhado (ao contrário do habitual!). Explico.
A mudança cultural referida tem que começar por cima ou seja, no ensino superior, mais concretamente na formação inicial dos profissionais da educação, fazendo-lhes notar que são profissionais da informação, isto é, ser professor é ser-se um manipulador de informação por excelência, senão vejamos: os dados para elaborar os seus planos de aula são oriundos de uma miríade de locais, alguns dos quais verdadeiramente insuspeitos, a título de exemplo: as teorias e correntes pedagógicas; os programas do Ministério da Educação; a idade dos alunos; a localização do estabelecimento de ensino; a tipologia do próprio estabelecimento; a origem social dos alunos (pois não podemos trabalhar de igual forma com todos); e por fim, o aluno como entidade única e específica na maneira de agir e reagir a cada situação. Recolhidos todos estes dados, há que organizá-los, armazená-los, partilhá-los e por último, dar-lhe a melhor utilização produzindo a informação necessária para atingir o objectivo pretendido, conceber uma aprendizagem de qualidade auxiliando os alunos a desenvolver as competências apropriadas.
Posto isto, questiono. É ou não é, o professor, um profissional da informação? Creio que sim.
Por maioria de razão, tem que ser o Sistema Educativo, mais especificamente os professores do 1º Ciclo, os primeiros a dar o exemplo, porque os alunos quanto mais novos são, mais tendência têm para aprender por imitação, logo, se dermos bons exemplos copiam bons hábitos e sendo a Escola uma organização com fins sociais, estamos desta forma, a garantir uma melhor formação aos cidadãos do futuro, pois saberão manipular informação, destrinçando o essencial do acessório, ou seja, tornando-se desta forma elementos recicladores de informação, tornando-a mais ecológica e por consequência, a Sociedade da Informação também, que ao fim e ao resto somos todos nós. Esta imensa pequena aldeia global.

(1) Infopro=Profissional da Informação

  
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Edição:

N.º 128
Ano 12, Novembro 2003

Autoria:

Luís Maurício
Professor
Luís Maurício
Professor

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