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Machismo é obstáculo na luta contra a Sida

As atitudes masculinas em relação às mulheres e ao sexo sempre foram reconhecidas como uma das maiores causas para a propagação da Sida em África. Esta é uma opinião que parece consensual entre os muitos especialistas que estiveram reunidos numa conferência internacional sobre Sida realizada em Nairobi, capital do Quénia, onde o típico macho africano foi quase descrito como um "risco ambulante" de contágio por HIV.
"Mudar as atitudes de forma a que os homens africanos se tornem mais conscientes e responsáveis é um trabalho enorme", diz Cary Alan Johnson, representante no Zimbabue para a Africare, uma organização não governamental que promove campanhas de sensibilização sobre cuidados básicos de saúde e prevenção da Sida. O programa sul-africano Men as Partners, conduzido junto de 139 homens de diferentes origens e estratos sociais, através de um programa de formação que visava encorajá-los a mudar de atitude relativamente ao sexo seguro, é um desses exemplos.
Antes deste workshop, 56% deles dizia que lhes cabia decidir quando usar um preservativo num relacionamento, número que caiu para 48% três meses mais tarde. Por outro lado, 56% acreditava que a recusa de uma mulher em ter sexo não correspondia, de facto, à sua vontade, percentagem que decresceu para 41% no mesmo período de tempo.
Apesar dos números serem anda elevados, houve algum sucesso: mais homens  concordaram que uma mulher se pode recusar a ter relações sexuais sem protecção; um menor número pensa que as "mulheres que se vestem de forma sensual querem ser assediadas" (de 36% para 18%) e outros disseram que passariam a decidir em conjunto com as suas parceiras o uso de anticoncepcionais.
Uma conclusão clara é que as campanhas convencionais de educação sexual, invariavelmente focadas no uso do preservativo, podem ser uma perda de tempo e de recursos. A pressão das parceiras funciona melhor e as maiores esperanças estão na próxima geração de homens, afirma Damien Wohlfahrt, cuja organização EngenderHealth dirigiu um programa semelhante. "Sensibilizar  os rapazes tem sido relativamente fácil, mas os homens mais velhos é difícil".


  
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Edição:

N.º 128
Ano 12, Novembro 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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