Exmo Senhor Director
Li o jornal n.º 124, Junho 2003. O editorial desenvolvia um texto sentido sobre Governo/depressão/repressão? Chamou-me a atenção a imagem de Nª Senhora que D. Afonso Henriques proclamou especial Advogada e Rainha deste Reino, D. João IV elegeu Padroeira de Portugal (dois reis/uma independência) e o colega J.P.Serralheiro conotou com depressão e repressão! Não vou desenvolver uma teoria sobre simbologia nem sobre valores que apoiam a estrutura da personalidade humana-religiosa, como não vou fazê-lo sobre o mundo materialista e secularizado que não consegue entender a linguagem imagem/símbolo, lugar de presença do invisível (que se expressa através do mito-símbolo-ciclo/rito). Sabemos que o mundo industrial proclamou o homem como senhor da história, mas, na prática, a liberdade conjugada com os poderes da razão, produção e realização, nunca o conseguiram tirar dos ?porões?, incluindo os países comunistas. Também se compreende que, como reflexo dessas realidades, o mau gosto foi-se espalhando pelo mundo com ?rendilhados nos altares? e ?imagens de gesso?. Também é certo que, no coração do povo, existe uma devoção algumas vezes difícil de articular com a Teologia. Mas, depois do movimento litúrgico que gerou o Vaticano II, Nossa Senhora tem, na economia de Salvação, um papel ímpar como imagem de Reconciliação. Não compreendo a necessidade de voltar a tempos de agressão à igreja e à valorização do ideal que Ela representa. O tipo de artigos/imagem a que me refiro, vai solidificando em mim a ideia de que a esquerda melhora a sua inteligência crítica quando em constrangimento e morre por não saber gerir a liberdade.
Pedro Beato Sousa
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