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Manual escolar, uma ferramenta do aluno

Esta disciplina é ?de estudo?, aquela é mais ?de praticar?? Nesta preciso de ler muitas vezes o manual, naquela, nem pego no livro, é só resolver bastantes exercícios!... Há equívocos que demoram (e demorarão?) a desmontar, e este é um deles: todas as disciplinas exigem um estudo bem alicerçado, contínuo e estruturado, que não tem necessariamente que ser doloroso, mas que exige, isso sim, algum esforço individual.
O estudante, nomeadamente do Ensino Secundário, precisa de encarar qualquer disciplina como um repositório de saberes, enriquecedores e formadores, que ele pode assimilar trabalhando os conceitos a partir das aquisições feitas na aula, e procurando, depois, a subsequente maturação que o estudo adequado lhe pode proporcionar. E nunca a memorização ou a mecanização pode substituir ou, sequer, antecipar-se à colheita das ideias, realizada a partir de uma leitura atenta e persistente, na fase ?solitária? do trabalho.
E é neste contexto que o manual da disciplina deve ser encarado como uma ferramenta de trabalho para o aluno. Uma ferramenta que lhe permitirá prolongar os momentos de aprendizagem na turma, revisitar as palavras, as perguntas, os problemas e as reflexões colocadas pelo professor e, mais do que isso, consolidar a apropriação dos conceitos, das técnicas e dos procedimentos que conheceu em cenário de aula.
É claro que o papel do professor é determinante e insubstituível e é claro também que é a ele, e não ao manual, que se confia o traçado de estratégias e a adopção das metodologias mais adequadas a uma boa aprendizagem por parte dos seus alunos.
Mas é também certo que, se quem faz o manual é, simultaneamente, professor em exercício de funções lectivas, é possível adivinhar-lhe, nas páginas que escreveu, as opções de fundo quanto à orientação pedagógico ? didáctica que preconiza para a prática lectiva.
O manual escolar não obriga o professor, antes o liberta! Porque permite que o  seu trabalho se prolongue no tempo (e no espaço?).
O manual escolar não limita o professor, antes o prolonga, quando estimula a autonomia do aluno, quando lhe abre portas para a recuperação e reinterpretação das vivências da aula.
O professor trabalha com o programa da disciplina, gerindo-o e desenvolvendo-o de acordo com as suas próprias opções, com as lições colhidas na sua experiência, com o acréscimo de formação que, continuadamente, terá obtido.
E, a par deste trabalho, conhece o manual que o estudante utiliza e pode, naturalmente, abrir-lhe pistas para uma melhor utilização, para a forma mais enriquecedora de exploração do texto que lhe é proporcionado.
O manual escolar cumpre o seu papel quando, nas mãos do estudante, o desafia, o motiva, o apoia e lhe permite autoavaliar-se no processo de consolidação de novos saberes.
Prolongando as suas aprendizagens em aula, podendo recorrer a um manual que o cative e lhe facilite uma apropriação sólida dos saberes, o estudante reconhecerá no manual a tal ferramenta de que necessita para se apoiar, na sua preparação individual.
Um bom manual há-de estimular a criatividade e a organização do trabalho, quer de alunos, quer de professores. Directamente, no caso dos primeiros, pois a pensar neles é que o manual nasceu?
Ocorre mesmo lembrar a ideia expressa pelo grande matemático Carl Friedrich Gauss (1777 ? 1855): ?Não é o conhecimento, mas o acto de aprender, não a posse mas o acto de lá chegar, que proporciona a satisfação maior?.
Professor e manual complementam-se para que seja possível aos estudantes desvendarem tal prazer.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 125
Ano 12, Julho 2003

Autoria:

Ana Maria Brito Jorge
Professora do Ensino Secundário; Autora de manuais escolares
Ana Maria Brito Jorge
Professora do Ensino Secundário; Autora de manuais escolares

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