EXCLUSÃO-BRASIL
A exclusão social não parou de crescer no Brasil entre 1980 e 2000, especialmente por causa do aumento da violência e do desemprego, revela o Atlas da Exclusão Social, um guia elaborado por investigadores de várias universidades daquele país. Segundo o Atlas, a percentagem de excluídos no Brasil na década de 60 chegava a 49,3% dos 69,7 milhões de habitantes; vinte anos depois alcançava 42,6% dos 120 milhões de habitantes, e voltou a subir para 47,3% dos 170 milhões de habitantes em 2000, segundo o estudo. Apesar dos tradicionais problemas de analfabetismo e baixa taxa de escolaridade terem registado melhorias, o aumento da violência e do desemprego "contribuíram para tornar o país mais desigual", explica o coordenador da investigação e secretário do Trabalho de São Paulo, Marcio Pochmann. Os números baseiam-se em dados dos institutos oficiais brasileiros sobre pobreza, homicídios, emprego, escolaridade, analfabetismo, desigualdade e juventude. Mais de 25% da população brasileira vive em condições precárias, segundo aquele estudo, que verificou a qualidade de vida dos 5500 municípios de todo o país, mais da metade dos quais têm altos índices de exclusão. As regiões do norte e do nordeste concentram 86% dos municípios que vivem em condições de extrema exclusão social. O analista da Universidade de Campinas, Ricardo Amorim, considerou que o problema não é a falta de recursos: "Os investimentos realizados na área social no nordeste não têm sido alvo de um planeamento eficaz e o dinheiro acaba por perder-se nos processos burocráticos", afirmou.
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