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Qual o futuro do ensino profissional?

REFORMA

ESTÁ EM DISCUSSÃO PÚBLICA O «DOCUMENTO ORIENTADOR DA REFORMA  DO ENSINO PROFISSIONAL. É COM PERPLEXIDADE QUE SE EXTRAI DO DOCUMENTO A DEFINIÇÃO DE UMA MATRIZ CURRICULAR QUE A APROXIMA DAS MATRIZES CURRICULARES DAS OUTRAS MODALIDADES DO ENSINO SECUNDÁRIO. ASSIM SE PODE PERDER A ESPECIFICIDADE DO ENSINO PROFISSIONAL QUE TEM SIDO TÃO SUBLINHADO POR TODOS OS GOVERNOS E PELOS AGENTES SÓCIO-ECONÓMICOS.

Numa altura em que está em discussão pública ?O Documento Orientador da Reforma do Ensino Profissional?, lançado pelo Ministério da Educação, é oportuno reflectir-se sobre esta modalidade de Ensino Secundário.
As Escolas Profissionais foram criadas em 1989 e constituem uma alternativa de formação de nível secundário, vocacionado para a formação de técnicos intermédios de nível III. Ao longo destes 14 anos foram muito acidentados os caminhos que estas escolas tiveram que trilhar. Mas, ?como o caminho faz-se caminho?, passo a passo foi-se percorrendo um percurso procurando dotá-lo de sustentabilidade.
Volvidos estes anos constata-se que o Ensino Profissional é, dentro do Ensino Secundário, a modalidade de ensino com melhores resultados escolares, com o custo mais baixo e com melhores níveis de empregabilidade. A estes resultados não são alheios uma série de factores que contribuíram para a eficácia das escolas profissionais: as escolas são, na sua generalidade, pequenas o que permite um ensino mais personalizado e facilita um acompanhamento diferenciado dos alunos; a organização pedagógica, assente numa autonomia crescente, flexível e inovadora e com uma grande ligação às instituições e empresas criam laços de empatia nos jovens que escolheram os seus percursos formativos, devidamente orientados e facilitam-lhes uma rápida inserção no mercado de trabalho para os quais estão habilitadas; os métodos diversificados e activos utilizados na aprendizagem são outro aspecto que associado ao modelo de progressão modular é um factor que por si só favorece o sucesso dos jovens na aprendizagem.
No que diz respeito à proposta de revisão curricular do ensino profissional é perfeitamente legítimo o enquadramento estratégico apontado para a necessidade de ?dotar os jovens de um conjunto de saberes humanísticos, científicos e técnicos que lhes permitam exercer de forma activa o seu papel de cidadãos e lhes possibilitem uma efectiva inserção no mercado de trabalho; reformulação da oferta formativa do ensino profissional adequando-a aos perfis profissionais actuais e emergentes ... para o desenvolvimento económico e social do pais?. No entanto, é com perplexidade que se extrai do documento a definição de uma matriz curricular que a aproxima das matrizes curriculares das outras modalidades do ensino secundário. Com esta medida perde-se, completamente, a especificidade do ensino profissional que tem sido tão sublinhado por todos os governos e pelos agentes sócio-económicos.
O Ensino Profissional atingiu, com o actual desenho curricular, o desempenho, atrás referido, que é reconhecido por todos. Não pode ser completamente descaracterizado principalmente com a redução, proposta de redução das cargas horárias das componentes científica e técnica, tecnológica e prática que proporcionaram e destinguiram os alunos, desta modalidade de ensino, nas áreas do saber e do saber fazer.
É, pois, com grande expectativa e confiança que se espera que o ensino profissional seja melhorado e que se permita às escolas continuarem a percorrer o caminho que desbravaram, senão perdem todos, os alunos, as instituições, as empresas , as comunidades... o país.

De acordo com um recente estudo intitulado "Evolução da oferta e da procura do nível secundário: Que estratégia para o ensino tecnológico e profissional em Portugal?", encomendado pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, as áreas em que se regista maior procura são a Informática, Intervenção Pessoal e Social, Informação, Comunicação e Documentação. Num futuro próximo mercado nas áreas da metalurgia e da metalomecânica, electricidade e energia, construção civil e materiais e electrónica e da automação.
A falta de formação profissional inicial é sentida em sectores como as indústrias transformadoras, comércio, actividades imobiliárias, prestação de serviços, construção e saúde.
Por satisfazer, estão algumas áreas transversais relativas aos sectores da qualidade, programação e planeamento da produção, design, higiene e segurança no trabalho, comercialização e vendas, comunicação e publicidade, informática e Tecnologias da Informação e Comunicação

  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 124
Ano 12, Junho 2003

Autoria:

Amadeu Dinis
Director da Escola Profissional CIOR, Vice-presidente da ANESPO
Amadeu Dinis
Director da Escola Profissional CIOR, Vice-presidente da ANESPO

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