A informação não é apenas matéria prima da comunicação, pois esta faz parte - inerente e fundamental - do próprio processo de adaptação da nossa espécie ao Mundo e à Vida, processo do qual resulta o Conhecimento, e no qual é aplicado o Conhecimento, porque não, então, designá-la por Sociedade do Conhecimento?
Captar o sentido das alterações societais da nossa contemporaneidade, plasmá-las sinteticamente através de uma designação que qualifique uma nova sociedade para a qual estaríamos a evoluir, é um objectivo ambicioso e quase impossível de atingir. Por outro lado, não é um objectivo destituído de interesse. Com efeito, a busca de tal designação é, por si mesma, uma poderosa alavanca de reflexão orientada para a compreensão do significado e dos impactos das transformações que estão a ocorrer - Sociedade Pós-industrial, Sociedade da Informação, Sociedade da Comunicação, Sociedade do Conhecimento? Tais têm sido as designações aplicadas com mais frequência pelos teorizadores que, sobretudo a partir de meados do século XX, têm procurado desempenhar tal tarefa de crisma das sociedades que estariam a nascer das entranhas das sociedades industriais então características dos países economicamente mais desenvolvidos. De facto, com as progressivas racionalização e automatização dos processos de produção - e o seu cortejo de reduções de mão de obra fabril para níveis de produção semelhantes -, mais os paralelos emergires da tecnologia da informação, da cibernética ou dos servomecanismos, era um ?novo mundo? que parecia estar a surgir. O facto mais referido, entre outros, deste ?novo mundo? que surgia era o relativo declínio quantitativo da força de trabalho da indústria enquanto subia a sua importância na área dos serviços. E isto sobre um pano de fundo de declínio, vindo de mais longe, da força de trabalho da agricultura neste grupo de países. Daí a insistência numa sociedade em que os serviços seriam preponderantes. A produção de bens, cada vez mais automatizada, a desaparecer da ribalta! Tal como já acontecera com a produção dos bens agrícolas. Esta, inclusive, a ver aprofundada a ?industrial? automatização dos seus processos. De onde o nome de Sociedade Pós-industrial. Mas, a partir de certa altura, verificou-se que esta designação de Sociedade Pós-industrial não só não dava conta da crescente importância que os meios de comunicação ?electrónicos? desempenhavam na sociedade, como iludia ainda os factos de evoluções paralelas às dos processos de produção industriais, não só na produção dos bens agrícolas como na produção dos serviços. Portanto, a questão não podia ser colocada apenas na transição de uma sociedade para além do industrialismo. E a entidade comum que foi encontrada foi a da informação. A tecnologia: a dos computadores, a informática, a tecnologia da informação. Portanto, aí estava a Sociedade da Informação. E a informação está por toda a parte. Inanimada, ou não, e registada, a informação é recolhida directamente quer da Natureza quer dos processos tecnológicos por nós criados. Com a entrada em grande estilo na vida das sociedades dos meios de comunicação, ela é ?lida? de registos através daqueles. Sendo os meios de comunicação os electrónicos criados ao longo do século XX, a informação pode quase instantaneamente ser transmitida e estar em toda a parte. Mas os meios são-no sempre para comunicação. Porque, de facto, a disponibilização da informação é sempre mediada por terceiros. Por isso tem-se afirmado não ser uma Sociedade da Informação mas mais uma Sociedade da Comunicação, a que está em gestação. A informação é colhida, tratada e geralmente transmitida para acabar por ser recebida por destinatários logo imaginados durante aqueles processos. E como há sempre mais pontos de vista e a informação não é apenas matéria prima da comunicação, pois esta faz parte - inerente e fundamental - do próprio processo de adaptação da nossa espécie ao Mundo e à Vida, processo do qual resulta o Conhecimento, e no qual é aplicado o Conhecimento, porque não, então, designá-la por Sociedade do Conhecimento?
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