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Habitantes de Bagdad receiam pelo futuro

Desde o início da guerra que os habitantes de Bagdad se trancam em casa durante os bombardeamentos americanos e pregam o ouvido à rádio para ouvir as notícias, enquanto tentam acalmar os filhos. "Nós ficamos em casa, é mais cómodo e mais seguro", conta Um Hiba, 45 anos, mãe de quatro filhos, que relata as horas de tensão vividas durante os raides aéreos. "No sítio onde vivemos não conseguimos ver as bombas cair. E não podemos acompanhar a situação pela televisão porque os canais daqui não relatam nada do que está a acontecer e não temos acesso a canais estrangeiros", explica.
Esta incerteza angustia a maioria dos cinco milhões de habitantes de Bagdad. Nesta cidade de vasta dimensão, é quase impossível determinar o lugar de impacto dos mísseis e das bombas. Além disso, os edifícios altos - pontos de observação por excelência - são escassos, com excepção de dois hotéis, o Meridien-Palestine e o Sheraton-Ishtar, que foram literalmente invadidos pelos jornalistas.
"A única coisa que podemos fazer é ouvir rádio. É isso que fazemos até às duas horas da manhã", diz Samir Mehdi, 38 anos, professor de inglês na Universidade de Bagdad, que acompanha durante toda a noite a emissão da BBC, constatando com uma certa dose de humor: "Londres lança ataques contra nós, mas é a rádio deles que nós ouvimos, inclusivamente durante os bombardeamentos".
Mas a grande preocupação dos iraquianos é, acima de tudo, tentar proteger os seus filhos e controlar o temor que eles sentem quando ouvem as explosões. "Tento explicar o que é a guerra", diz Luai, um jornalista de 45 anos, que descreve o diálogo que teve com seu filho Zuheir, de 7 anos. "Estávamos sentados à mesa durante um dos bombardeamentos, falando sobre o plano dos americanos, sobre o que eram os mísseis e sobre o que podíamos fazer para nos proteger. No final, ele tentou tranquilizar-me dizendo que a guerra, afinal, é mais ou menos como um jogo de vídeo", conta Luai.


  
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Edição:

N.º 122
Ano 12, Abril 2003

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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