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Opinião "on-line"

1 - A praxe académica devia ser?

A praxe é boçal

A praxe praticada em todo o país é boçal. Mostra que os jovens que vêm das aldeias, dos meios e das famílias mais carenciadas culturalmente têm necessidade de práticas que lhes dêem a ilusão de terem mudado de classe social. Desgraçadamente a única coisa que lhe oferecem é um conjunto de práticas "pimba". A sociedade precisa de fazer sentir aos estudantes o ridículo e o vazio das suas práticas praxistas. As novas gerações têm o direito de entrar no ensino superior como quem entre num lugar de educação e de cultura e não num estúpido café de bairro camarário.

José Paulo

Praxes académicas

Quanto ao assunto em questão, é óbvio que, o que deve ser abolido não são as praxes, mas sim aquilo que as torna violentas e inaceitáveis. Os excessos devem sempre ser abolidos, seja do que fôr.

Sofia Gonçalves

Praxe ?

Segundo a versão oficial, a praxe serve como forma de integrar o aluno no seu novo meio!!!!! Mas não é isto que acontece, a praxe é apenas um meio de humilhar e subjugar, mostrando uma continua cultura de não dignificação do ser humano, mas sim de um ser completamente irracional (animalesco).

Paulo L.

Praxe académica

Quando eu era caloira, tinha um medo de morte das praxes mas, quando comecei a ser praxada, vi que não tinha razão para tal, pois diverti-me muito e conheci muitos amigos.
Actualmente, sou membro da Comissão de Praxe (CP) na escola onde me encontro e tenho por função, entre outros membros, de assegurar que a praxe não fira a integridade física, moral e psicológica dos caloiros, visto esta ter como objectivo a integração dos mesmos na sua nossa nova vida académica.
Apesar de já estar no 3.ºano e na CP, deixei-me praxar novamente este ano, pois este é o melhor tempo da vida de qualquer estudante.
Se não fosse a praxe, não conhecia nem um terço dos amigos que tenho hoje.
Espero que esta minha mensagem desanuvie um pouco o medo que têm das praxes.

Saudações académicas
Ana Cárina Raposo Oliveira 

2 ? Na sua opinião, regra geral, os empresários portugueses são?

Temos patrões biscateiros

A maior parte dos empresários portugueses são de fresca data. A nossa burguesia é muito recente. Muitos dos nossos empresários começaram por ser biscateiros e o biscate, pela facilidade dos salários baixos, deu lucro para passar a empresa. Mas os conhecimentos e a mentalidade continuam a ser de biscateiro. Nós não temos empresários, temos patrões biscateiros.
Uma das medidas mais urgentes é a formação contínua para os chamados empresários. Outra medida seria obrigar as empresas a ter um mínimo de pessoal qualificado em função da dimensão da empresa e do negócio. Mas nesta economia aberta o mais provável é que as empresas com algum interesse sejam adquiridas por estrangeiros.
Para o país é mais importante ter empresários estrangeiros competentes do que biscateiros portugueses incompetentes. Pode ser que uma nova geração de portugueses aprenda alguma coisa com os estrangeiros e daqui a alguns anos tenhamos alguma competência empresarial portuguesa.

José Paulo

Mentalidade empresarial obsoleta

Infelizmente, os nossos empresários não se actualizaram com a entrada na U.E. Continuam mais preocupados com o seu enriquecimento pessoal do que a modernização das suas empresas. Pouco empreendedores, de vistas curtas, vêem essencialmente o lucro fácil e não demonstram visão perspectiva e ampla que pudesse propiciar efectiva produtividade, criação de postos de trabalho e riqueza nacional. Pelo contrário; consideram o trabalho como um custo em vez de o assumirem como verdadeiro investimento, o que implicaria uma completa inversão nos valores orientadores da relação laboral patrão-empregado. A formação destes últimos é negligenciada, o que se repercute na falta de qualidade do produto final, perda de capacidade competitiva com o exterior e compensações economicamente obsoletas através do aumento dos preços.
Só quando o trabalhador for valorizado enquanto profissional e como pessoa de direitos é que estaremos perante uma dinâmica empresarial positiva, assente em critérios de inteligência, objectividade e visão global e integrada do progresso económico. E tudo isto só pode ocorrer com uma mudança drástica da mentalidade dos empresários nacionais.

Paulo Gonçalves

3 ? Concorda com as portagens nas circulares das grandes cidades?

Não concordo

Se estas vias são portajadas não vejo porque não devem ser também portajadas as melhores ruas das cidades. Quem vive no Algarve não utiliza diariamente as ruas do Porto e vice-versa. Se o princípio é o do utilizador pagador então pague-se tudo. Mal saiamos da porta de casa é começar a pagar. Até podem criar um passe de circulação em cada cidade. Dentro de casa já pagamos a contribuição autárquica!
Como eu não utilizo este governo não percebo porque é que tenho de lhe pagar! Pague quem o utiliza. Como eu não os elegi, porque é que lhes pago? O Governo devia ser pago apenas por aqueles que o elegeram.

João Serra

4 ? Acha que o novo código de trabalho é favorável aos trabalhadores e ao país?

Um código contra a aprendizagem

O novo código de trabalho vai no sentido de destruir a relação do trabalhador com a empresa. A moda hoje é a precariedade. É usar e deitar fora. O trabalhador não chega a ter tempo de criar uma relação afectiva com o seu local de trabalho. Tem ainda menos tempo para fazer uma aprendizagem continua que, com o tempo, vá aumentando a sua competência profissional e portanto a sua produtividade. Neste sentido o novo código de trabalho é contra a produtividade e a favor da política de baixos salários. Vai ter um efeito negativo no tecido económico português.

Serras Pereira

Lá vamos de marcha atrás

Para quem considera que o trabalho pressupõe um conjunto de direitos de cidadania do trabalhador, o novo código do trabalho não é favorável aos trabalhadores. Os patrões procuram extrair o maior lucro possível do trabalho produzido pelos trabalhadores. O novo código vai no sentido de permitir que os patrões explorem mais e com mais facilidade os trabalhadores.
Não se pode dizer que o código sirva o país porque o que o país precisa não é de criar condições que permitam uma maior exploração da mão-de-obra mas de qualificar a mão-de-obra, de reorganizar o trabalho e de assim aumentar a produtividade e a capacidade de Portugal competir nos mercados mais evoluídos.
O código é feito por quem tem uma visão ultrapassada do desenvolvimento e por quem de facto, pesem todas as rezas e poses cristãs, tem um profundo desprezo pelo trabalho.

Joel Pinto


  
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Edição:

N.º 120
Ano 12, Fevereiro 2003

Autoria:

Redacção

Redacção

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