É importante lutar pelos Direitos Humanos das Mulheres e por um desenvolvimento sustentável também nesta área. Os pacotes de leis em discussão constituem um desafio no sentido de se encetar uma discussão aprofundada sobre o conceito de trabalho, solidariedade social, desenvolvimento sustentável.
Procurei sempre na Vida ? ser todo(a) em cada coisa?, ciente do efémero e consciente do que deveras importa : o Ser e não o ter. Foi, pois, com a mesma Alegria de há quatro anos que, cumprindo decisão superior no sentido da cessação da minha comissão de serviço enquanto presidente da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, escrevi o ponto final, virei a página, arrumei o dossier . Nestes quatro anos tentei que a reestruturação da CIDM fosse aprovada; empenhei-me relativamente ao reconhecimento legal de um papel mais activo para as ONGs. Falei da urgência de um novo Plano para a Igualdade, avaliado que foi o anterior. Cada nova esperança arrastou desilusões várias. Falámos de Violência, e alguns passos importantes foram dados: Plano ( executado e avaliado), novas propostas, efectivo funcionamento da linha telefónica de apoio a mulheres vítimas de violência, reflexão/ acção nas áreas da violência, prostituição e tráfico, estudos em fase de finalização. Falámos de alfabetização jurídica ? e as sessões de informação, as publicações, os protocolos celebrados e em negociação são um pequeno degrau para o efectivo acesso ao direito. Falámos de exclusão e pobreza no feminino: os estudos em execução poderão iluminar mais essas áreas, os fundos comunitários em que a igualdade de oportunidades tem obrigatoriamente de ser contemplada constituem desafios a não desperdiçar. Quero esquecer os jogos de poder e os combates para alargar quadros, para obter financiamentos que respondam a urgências várias. Não quero lembrar o meu desespero e de todo o pessoal quando se faz e refaz a mesma proposta, quando se espera por despachos que ? ?teias que o império tece? ? tardam a chegar. E não me falem por favor na inoperância da Administração Pública portuguesa: falem-me de burocracia institucionalizada - e não raras vezes superiormente saboreada - e de pérfidos bloqueios a uma normal produtividade. Por tudo isto, a minha homenagem e agradecimento ao pessoal com que trabalhei , às ONGs, membros do Conselho Consultivo da CIDM e a inúmeras outras estruturas da sociedade civil. Fica aqui a minha admiração e o louvor pela sororidade tão viva que demonstram relativamente à causa das mulheres. Para já, continuarei a trabalhar na Delegação do Porto ? que é uma cidade em que , como diz Garrett, ?se troca o v pelo b, mas nunca a liberdade pela servidão? . ?O mais do que isto? são as mulheres portuguesas e de todo o mundo que ainda não têm o pleno gozo dos direitos humanos, que não vivem uma efectiva igualdade de oportunidades. Continuo a acreditar que é importante lutar pelos Direitos Humanos das Mulheres e por um desenvolvimento sustentável também nesta área. Os pacotes de leis em discussão constituem um desafio no sentido de se encetar uma discussão aprofundada sobre o conceito de trabalho, solidariedade social, desenvolvimento sustentável. Julgo importante e imprescindível que as mulheres contribuam para esta discussão.
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