O autocarro dos STCP segue à minha frente. É dos que transporta sugestões culturais para um Porto 2001 que, felizmente, ainda não acabou. Leio que a cidade está feita num palco e deixo correr o pensamento para o drama do Teatro Central de Moscovo, onde quase mil espectadores foram transformados em reféns.
 
Fico a pensar na profanação (impensável e assustadora) daquele templo ao teatro. Na América Latina, há anos, assassinaram um bispo quando este estava a celebrar missa. Em Moscovo aconteceu o mesmo. Como em Bali, num outro espaço de descontracção. Dizem ?eles? que não há inocentes.
 
?Viver sempre também cansa?, dizia o poeta José Gomes Ferreira. Morrer também.  Nos dias que se seguiram ao 11 de Setembro, o medo de NY, a grande maçã, aterrou em Londres, em Bruxelas, em Tóquio e estendeu-se, depois, ao resto do Mundo. Agora, com Outubro negro que passou, nas discotecas e nos teatros.
 
Que nos resta? Acatar, sem discussão, um generoso resgate que nos matou e deixou marcas? Podia ser pior. Melhor que morram só 150 do que os muitos que seriam quase mil. Melhor que alguns fiquem sem emprego do que a utopia de dividir o que sobra. O futuro exige flexibilidade, adaptação, resignação, medo? Medo?
 
Agora, em Novembro, quero ver e ouvir o ?Quebra Nozes?, no Coliseu do Porto. A Andreia sugeriu a abertura da Casa da Animação, no Edifício Les Palaces, para o passeio andarilho deste mês. Este centro do Cinema de Animação, abriu no dia 28 de Outubro. Pode ficar para mais tarde?
 
Está a fazer um ano que Maricotinha (Maria Bethânia) gravou, ao vivo, no Direct TV Hall de São Paulo um espectáculo comemorativo dos 35 anos de carreira. Quer ouvir o CD? Piratear MP3 ou vai resistir aos medos e continuar a sair. Para dançar, para ir a concertos, para ir ao teatro? Para dizer não a tanta flexibilização, a tanta adaptação, a tanta resignação.