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?Se não sabes, desenrasca-te?

Gonçalo e Ana têm 18 anos e começaram uma nova fase da sua vida escolar: entraram na faculdade. Entre o sonho académico e o pesadelo do desemprego que vislumbram ainda há espaço para algumas considerações sobre as saídas profissionais que gostariam de encontrar ao terminar as licenciaturas.
Há muito que Gonçalo Marques deseja ser historiador. ?O meu pai é historiador, de modo que isso já me estava no sangue.? Acabadinho de chegar ao curso de História, da Faculdade de Letras do Porto, Gonçalo adivinha as dificuldades que terá quando chegar ao final do 5º ano. Apesar disso, acredita que existem outros caminhos para os licenciados em História que não o do desemprego da ?via ensino?. Alguns passam pela investigação nas câmaras municipais, o trabalho em museus e a arqueologia.
Ao ouvir falar em arqueologia, Ana Lemos desperta. É paixão o que diz sentir pela História da Arte, curso que agora inicia na mesma faculdade que Gonçalo. No entanto, esta não foi a sua primeira opção. Três décimas a mais e Ana teria entrado para o curso de Administração Pública. Estranho? ?Queria um emprego que me desse um futuro?, explica Ana. A arqueologia pode também ser uma das saídas profissionais para os finalistas do seu curso. O problema é que na faculdade frequentada por Ana e Gonçalo existe também um curso de Arqueologia e forma outros tantos candidatos a essa profissão.
O ensino é outra das saídas para Ana, mas no caso da História de Arte há ainda que contar com a concorrência dos licenciados em Arquitectura e História. A propósito desta sobreposição, Ana acusa o Ministério da Educação de ter esquecido o facto de ter criado o seu curso. Mas este não é o único ministério que Ana responsabiliza pela ?falta de saída? profissional para os historiadores da arte. ?O Ministério da Cultura deveria desenvolver mais a conservação e restauro do património, sendo que esta poderia ser uma das maiores fontes de trabalho para estes licenciados. À semelhança do que acontece em Espanha?, contesta Ana.
Críticas à parte, Ana e Gonçalo não trocavam os respectivos cursos por nenhum outro. Quanto ao futuro, ambos concordam que o estudante deve ter a capacidade de criar o seu próprio emprego e de sensibilizar as entidades para a utilidade da sua formação num contexto laboral. E apesar de ainda não terem posto os pés na sala de aula, Ana e Gonçalo acreditam que a praxe já lhes ensinou a primeira lição para usar quando terminarem o curso: ?Se não sabes, desenrasca-te!?


  
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Edição:

N.º 117
Ano 11, Novembro 2002

Autoria:

Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação
Andreia Lobo
Jornalista, A Página da Educação

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