A nicotina transmitida pela mãe fumadora ao feto poderá causar uma diminuição duradoura da eficiência dos reflexos respiratórios, aumentando o risco de morte súbita do bébé, aponta uma pesquisa dirigida por cientistas do Instituto Pasteur, de Paris. A interferência da nicotina nas moléculas do cérebro - os receptores - envolvidas nos reflexos respiratórios destinados a prevenir uma paragem respiratória durante o sono explicaria o efeito nefasto da exposição ao tabaco durante a gravidez, indica esta pesquisa, publicada recentemente nas Actas da Academia de Ciências dos Estados Unidos (PNAS).
"A nicotina, transmitida ao feto através do sangue, bloqueia de forma duradoura o sistema que permite reagir em caso de diminuição de oxigénio", explica Claude Gaultier (do hospital parisiense Robert Debré), que participou nesta pesquisa. "Mais vale deixar de fumar antes da concepção, para se habituar a não fumar durante a gravidez sem muito stress, aconselha a especialista.
Pesquisas epidemiológicas já haviam relacionado o tabagismo materno com a morte súbita dos bébés, mas sem conseguirem explicar o mecanismo de tal relação. "Depois do tabagismo materno, há, sem dúvida, outros factores que favorecem essa morte repentina do bébé, como os genéticos, que ainda têm de ser explorados", afirma Gaultier.