A África do Sul, palco da recente Cúpula de Desenvolvimento Sustentável da ONU,
é o país mais afectado pela Sida. Mas os problemas sociais e económicos que
provocam a epidemia e os meios para preveni-la e tratá-la estiveram
surpreendentemente ausentes das negociações e discursos oficiais. "Não haverá
desenvolvimento sustentável enquanto a Sida continuar fora de controlo,
enquanto boa parte das pessoas que movimentam este planeta estiver doente ou
morta", declarou a esse propósito o director do programa das Nações Unidas
contra a Sida, Peter Piot.
Em duas décadas, a Sida matou mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo e
até 2020 pode matar outros 68 milhões se não forem colocadas em andamento
políticas eficazes de combate à doença. "Os países desenvolvidos não estão a
dar o exemplo porque não dedicam praticamente recursos a esta área. Entretanto,
há países menos ricos, como o Brasil, que no ano passado destinou mais de 600
milhões de euros para lutar contra a doença".
Segundo Piot, a Sida aumenta a pobreza, reduz o acesso à educação (um milhão de
crianças perderam os seus professores no ano passado em África), diminui a
coesão social e o crescimento económico.
A América Latina e as Caraíbas são a prova de que países em desenvolvimento
podem fornecer um tratamento eficaz através do sector público. No Brasil, mais
de 100 mil pessoas recebem gratuitamente um cocktail antiretroviral. Em
2000, o número de mortos por Sida neste país foi três vezes menor do que em
1996. Cerca de 170 mil pessoas de onze países da América Latina e Caraíbas
beneficiam deste tratamento. O número de doentes nas duas regiões é de quase
dois milhões de pessoas, mais de 1% da população.
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