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Mulheres do mundo inteiro reunem-se para discutir globalização

Cerca de 600 empresárias do mundo inteiro estiveram reunidas em meados de Julho na cidade de Barcelona - num encontro que já foi denominado como a "Davos feminina" - para discutir, entre outros temas, a liderança corporativa, o comércio eletrónico, as exportações e o "gap" digital. As mulheres que participaram no encontro são representantes do mundo dos negócios e da política, e nos diferentes discursos ficou patente a discriminação a que são submetidas não só nas esferas do poder mas também no mundo dos negócios.
"As mulheres dirigem 40% das pequenas e médias empresas dos Estados Unidos e 30% das da Europa, mas esse papel ainda não é suficientemente reconhecido", afirma Irene Natividad, empresária e organizadora da reunião, referindo que os negócios montados por mulheres, apesar de menor envergadura, "são mais sustentáveis". Isto, explica, porque ao terem maior acesso ao mundo financeiro, os homens costumam "assumir riscos mais elevados", desenvolvendo negócios que tendo um maior potencial de crescimento, podem também derrocar mais facilmente".
Por seu lado, a ex-vice-presidente e actual ministra da Educação da Costa Rica, Astrid Fischel, diz que as mulheres do terceiro mundo, principalmente da América Latina, têm "mais criatividade" e que esse é um dos seus principais trunfos. Mas não só. Ela explicou que graças às medidas de discriminação positiva no seu país ("que não possui exército e tem investido muito em recursos humanos"), as mulheres conseguiram aceder a 35% dos assentos parlamentares, a 40% dos lugares nas assembleias municipais e são já 43% dos membros do governo.
Vinda do outro lado da mundo, do Afeganistão, a ex-vice-presidente e ministra de Assuntos da Mulher, Sima Samar, lembra as consequências nefastas de 23 anos de guerra e das imposições do regime talibã. Desde há seis meses que as afegãs podem sair de casa, não são mais obrigadas a vestir a burka, têm o direito de ir à escola e fazem parte da vida laboral e política do país. Mas estas liberdades, lembra Samar, não proporcionaram mais do que um "ligeiro alívio dos sofrimentos da população, já que o país continua dominado pelos senhores da guerra".
A "Davos feminina" não ficou isenta dos protestos paralelos e o movimento feminista marchou sob o lema "Não queremos ser como as mulheres do poder", criticando o modelo da "supermulher vencedora" que se impõe nesta suposta época de igualdade de oportunidades, não questionando quer a economia de mercado quer as desigualdades que a sustentam.


  
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Edição:

N.º 115
Ano 11, Setembro 2002

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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